Vittorio Bianchi
Eu me sinto mal pela Heloisa estar passando mal, mas, ao mesmo tempo, estou aliviado pela Ava não desconfiar de nada.
— Acho que foi só um momento, nada sério. — Respondo, tentando desviar o assunto.
Ela sorri, aliviada por minha resposta, e começa a me servir.
Sento à mesa, mas o tempo todo estou consciente de que Heloísa ainda está no quarto, me esperando, embora eu tenha que manter a calma na frente dos pais dela.
— Espero que a Heloísa se recupere logo — diz o Hugo, colocando uma taça de vinho em sua própria frente. — Uma vez me senti mal assim e acabei tendo que ir ao médico.
A mãe de Heloísa desvia rapidamente o assunto, fazendo com que a conversa se desvie para outros tópicos. Enquanto isso, minha mente está em outro lugar, pensando em Heloísa e se ela realmente está melhor, ou se há a possibilidade que a Helô esteja esperando um filho nosso. Sorrio com a possibilidade, mas, ao mesmo tempo, balanço a cabeça em negação.
O almoço continua com uma conversa descontraída, mas parte de mim só quer voltar lá e garantir que ela realmente está descansando como deveria. Eu só espero que os pais dela não percebam o quanto estou preocupado. Eles não sabem, ainda, da nossa relação, e quero que isso fique assim por enquanto. Até minha pequena está preparada para assumir tudo.
O almoço segue com uma atmosfera descontraída, mas eu mal consigo focar nas conversas que acontecem ao redor da mesa. A preocupação com Heloísa ainda me consome, e cada vez que escuto o som de passos no corredor, meu coração acelera, esperando vê-la aparecer na porta.
Enquanto converso com o Hugo sobre a última colheita de uvas, algo que deveria ser normal, percebo que ele está me observando com uma expressão um tanto curiosa. Então, sem mais nem menos, ele solta uma pergunta que me congela.
— Vittorio, você sabe de alguma coisa sobre a Heloísa e o Matteo? — Ele começa, com um tom sério.
Fico sem saber o que dizer. Os olhos dele estão fixos em mim, e eu noto uma ligeira preocupação em seu rosto. Sinto meu corpo ficar tenso à medida que ele continua.
— Eles... dois têm passado muito tempo juntos, né? E com ela sentindo-se mal hoje, eu começo a pensar que... — ele hesita por um momento, como se estivesse formulando suas palavras cuidadosamente. — há a possibilidade que a Heloisa tenha perdido a virgindade dela com esse rapaz?
Eu quase engasgo com o gole de vinho que estava prestes a tomar. Meu estômago dá um salto, e por um segundo, tudo o que eu posso fazer é tentar encontrar uma saída rápida para essa situação.
— O quê? Não, claro que não — digo rapidamente, tentando manter a calma. Olho para ele e vejo que ele está me observando de perto, esperando uma explicação. — Não, não é nada disso — continuo, mais firme. — A Heloísa... ela só não estava se sentindo bem, e isso é só um mal-estar. Nada relacionado com Matteo ou qualquer outra coisa, eu garanto. Você esta pensando na possibilidade da Helô está gravida?
O Hugo parece um pouco cético, ainda que sua expressão suavize um pouco.
— Tem certeza? Porque, olha, já ouvi falar de algumas conversas que esse rapaz... — ele começa, mas eu interrompo rapidamente.
— Não, não tem nada a ver, Hugo. — Tento ser o mais tranquilo possível, mas por dentro, a tensão é palpável. — Matteo e a Heloísa são amigos. Eu sei que ele é muito protetor com ela, mas isso não tem nada a ver com gravidez, Hugo, isso seria loucura.
Ele me encara com mais atenção, como se tentando perceber se estou dizendo a verdade, mas depois solta um suspiro.
— Eu espero que você esteja certo, Vittorio. Eu só quero o melhor para ela, você sabe? — Ele volta sua atenção para o prato, mas ainda parece pensar nas palavras que disse. — E quando a deixei aqui, é porque confio em você, é quase como o segundo pai dela.
A tensão no ar é palpável. Eu não posso deixar que eles suspeitem de nada. Não ainda, não quando nem mesmo Heloísa está pronta para discutir isso com eles. E as palavras do Hugo me quebra.
Olho para o meu prato, tentando acalmar o ritmo acelerado do meu coração, e tento mudar de assunto para aliviar a pressão.
Seu olhar agora está fixo em mim, e vejo que ele não me encara como um amigo ou alguém neutro na situação. Ele me vê como parte do problema, como alguém que deveria dar respostas para acalmar sua filha. Sinto um arrepio, e mais uma vez tento desconversar.
— A Heloisa enquanto estava aqui era sua responsabilidade, se minha filha estiver gravida também é um problema seu.
O Hugo, não está apenas desconfiado; ele está preocupado, e essa preocupação transparece cada vez mais em sua postura rígida.
— Você me conhece Vittorio, a Heloisa é minha princesinha, estou preocupado com essa possibilidade.
A tensão entre nós atinge um pico, e meu estômago se revira com suas palavras. Eu sei que ele não está brincando. Sei que se ele acreditar na possibilidade da gravidez, ele vai agir. Isso poderia ser o fim de tudo. A última coisa que eu quero é que essa situação saia do controle.
— Hugo... — Tento manter a calma, mas é difícil. — Por favor, não pense isso. Não há gravidez. Nada disso é verdade.
Heloísa, mais uma vez, tenta intervir, mas sua voz está baixa e hesitante. Ela está visivelmente nervosa, tentando não chorar. Seu pai, no entanto, ainda parece desconfiado e obstinado em acreditar que a verdade está sendo escondida de alguma maneira.
— Eu vou procurar o Matteo esclarecer isso o mais rápido possível, porque se houver algo que eu precise resolver, vou resolver, e ninguém vai impedir — ele afirma com uma firmeza que não pode ser ignorada.
Eu vejo que não vou conseguir tranquilizá-lo tão facilmente. Ele precisa de provas, de certezas, e, por mais que eu diga que não há nada acontecendo, a desconfiança está profundamente cravada em sua mente.
Com o peso do silêncio na sala, a conversa esfria. Eu vejo Heloísa olhando para o lado, tentando esconder o que sente, mas eu sei que a pressão está se tornando insuportável para ela. Mais uma vez, ela coloca a mão sobre a testa, tentando controlar a dor e o pânico que começam a tomar conta de seu corpo.

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