Heloisa Moura
Minha voz sai fraca, como se admitir isso em voz alta tornasse tudo mais real, mais impossível de ignorar. Minha mãe me encara com um olhar suave, mas firme, repleto de compreensão e, ao mesmo tempo, de preocupação.
— Eu sei, filha. O amor, às vezes, nos toma de surpresa. Mas você precisa estar preparada para as consequências.
Engulo em seco, sentindo o nó em minha garganta apertar ainda mais. Meu coração b**e tão forte que tenho medo que ela consiga ouvi-lo. As palavras dela giram em minha mente, me atingindo com uma força que eu não esperava. Consequências. Essa palavra nunca pareceu tão aterrorizante.
— Eu… eu não sei o que fazer — admito, baixando o olhar para minhas mãos trêmulas. — E se for verdade? Se eu realmente estiver grávida?
Minha mãe suspira e se senta ao meu lado, pegando minhas mãos entre as suas. O calor de seu toque me traz um conforto momentâneo, mas a tempestade dentro de mim ainda não se dissipa.
— Se for verdade, você não estará sozinha. — Sua voz é um sussurro, mas carrega um peso de certeza inabalável. — O que mais me preocupa não é o bebê, e sim o seu pai.
A menção dele faz meu corpo se enrijecer. Meu pai nunca aceitaria essa verdade. Ele já estava disposto a me obrigar a casar com Matteo, alguém que não tem nada a ver com isso. E se ele souber que o verdadeiro pai do bebê é Vittorio, seu amigo de confiança…?
— Ele nunca vai aceitar — murmuro, balançando a cabeça, sentindo as lágrimas voltarem a arder em meus olhos. — Ele nunca perdoaria o Vittorio. Nunca me perdoaria.
Minha mãe aperta minhas mãos com mais força, me obrigando a olhá-la.
— Seu pai pode ser duro, mas ele te ama, Heloísa, ele também ama o Vittorio. E o amor dele por você é maior do que qualquer tradição, qualquer orgulho. Vai demorar para ele entender, mas com o tempo…
Ela não termina a frase, mas sei o que ela quer dizer. Meu pai precisaria de tempo. Tempo que talvez eu não tenha.
— Amanhã — ela diz, soltando um suspiro. — Vamos fazer o teste juntas. Sem segredos, sem medos. Seja qual for o resultado, enfrentaremos isso juntas.
Eu queria encontrar alívio nessas palavras. Queria me sentir segura, protegida. Mas tudo dentro de mim continua um caos.
Ainda assim, eu apenas concordo com um aceno, porque, no fundo, sei que não posso mais fugir da verdade.
A noite parece se arrastar. Me viro na cama inúmeras vezes, tentando encontrar uma posição confortável, mas a inquietação não me deixa descansar. O peso da incerteza torna o ar pesado, sufocante.
Levanto e caminho até a janela do meu quarto. A brisa noturna traz um frescor momentâneo, mas não alivia a tempestade dentro de mim. Lá fora, tudo parece em paz – ao contrário do turbilhão de emoções que me consome por dentro.
Um barulho suave atrás de mim me faz virar. Vittorio está parado na porta, o olhar preocupado.
— Não consegue dormir, pequena? — Ele pergunta em um sussurro, como se soubesse que qualquer som alto quebraria o frágil equilíbrio do momento.
Apenas balanço a cabeça, e ele se aproxima. Seu toque suave em meu braço me traz um calor familiar, mas não é suficiente para espantar meu medo.
— Heloísa, se for verdade... — Ele hesita, mas depois toma um fôlego e continua. — Quero que saiba que eu assumo isso. Não vou fugir, não vou te deixar lidar com isso sozinha.
Eu acreditaria nessas palavras se o mundo fosse simples. Mas nós dois sabemos que não é. Meu pai nunca permitiria. Ele faria de tudo para nos afastar, para garantir que eu seguisse o caminho que ele escolheu para mim. Para ele, um herdeiro nascido de um segredo como esse seria imperdoável.
— Vittorio... É mais complicado do que isso. Meu pai quer que eu me case com Augustus. Ele está decidido. Se souber sobre você... Se souber sobre nós dois... — Minha voz falha, e engulo em seco.
Ele aperta minha mão, seus olhos ardendo com algo que não sei definir. Raiva? Determinação?
— Eu não vou permitir que ele te obrigue a nada. E se esse bebê for nosso, Heloísa, eu não vou deixar que ele nos separe.
Quero acreditar nisso. Quero me agarrar à esperança que ele transmite. Mas o medo ainda está ali, como um peso insuportável em meu peito.
— Amanhã à noite — murmuro, desviando o olhar. — Eu vou ter a resposta.
Ele solta um suspiro, me puxando para um abraço apertado. Encosto a cabeça em seu peito e fecho os olhos, ouvindo as batidas do seu coração. Forte. Constante.
E torço para que, quando a verdade vier à tona, esse ritmo não se quebre.
— Vittorio, dorme aqui hoje. — Peço e ele simplesmente me abraça, me levando de volta para cama.

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