Vittorio Bianchi
Faz um mês que cai do Ébano, e amanhã voltarei no hospital para verificar se está tudo bem e tirar esse gesso que está me deixando impossibilitado.
Por um lado estou feliz, pois voltarei ao trabalho com todo vigor, por outro lado, não quero deixar que a Heloísa vá embora. Mesmo que durante todo esse tempo, não tenha acontecido nada entre nós além de provocações, não sei se estou preparado para vê-la partir.
Sem que ela saiba tomei a decisão de ligar para o Hugo, preciso de uma desculpa para que ela não volte para Nova Iorque agora.
Peguei o celular sobre a mesa de cabeceira e deslizei o dedo pela tela até encontrar o contato de Hugo. Respirei fundo antes de apertar o botão para ligar. Era raro eu recorrer a ele para algo, mas desta vez, não tinha outra escolha.
— Vittorio! Como você está? Já está querendo mandar a Heloísa para casa? — Hugo atendeu de imediato, seu tom carregado de bom humor.
— Já me recuperando. Amanhã tiro o gesso e volto ao trabalho — respondi, sem paciência para rodeios.
— Ótimo! A vinícola sentiu sua falta. Como vão às coisas por aí? Heloísa sobreviveu a cuidar de você, um velho ranzinza?
Soltei um riso breve. Se alguém tinha sobrevivido a alguém, esse alguém era eu.
— Ela se saiu muito bem — admiti, e era verdade. Heloísa tinha uma habilidade surpreendente para organizar o caos, e não falo apenas da bagunça em minha casa, mas também da vinícola. Nos últimos dias, acompanhei de longe como ela se envolveu com a equipe, encontrou soluções práticas e trouxe novas ideias.
Hugo ficou em silêncio por um segundo antes de responder:
— Isso quer dizer que ela pode voltar para Nova Iorque com o dever cumprido? Essa é minha filha.
Meu maxilar travou.
— Na verdade, eu liguei para falar sobre isso. Com o lançamento do novo espumante se aproximando, acho que seria melhor se ela ficasse mais um tempo.
— Vittorio… — Hugo suspirou. — Não há necessidade da Heloísa continuar aí, você já está se recuperando e ela tem uma proposta de emprego aqui muito boa. A Vinhos Casa Blanca, quer que ela seja sua Sommelier.
— Não é sobre isso — retruquei depressa. Era exatamente sobre isso. — Ela conseguiu criar uma ótima relação com os funcionários e entendeu a dinâmica da vinícola. Seria um desperdício deixá-la ir embora agora. E ela poderia trabalhar exclusivamente com os Vinhos Bianchi.
— O lançamento ainda está a dois meses de distância — Hugo rebateu, cético. — Você conseguiria lidar com isso muito bem sem ela.
— Eu prefiro que ela fique. Pelo bem do evento — finalizei, esperando que ele aceitasse minha justificativa.
Do outro lado da linha, Hugo soltou um riso abafado.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Proibida para Mim: Apaixonado pela filha do meu amigo