Longe dali, as montanhas se erguiam como muralhas naturais, encobertas por nuvens pesadas que davam ao lugar uma aparência eterna, como se o tempo tivesse parado e aquele lugar não acompanhasse os avanços do mundo moderno. Entre elas, cercada por muros altos e torres de vigia, havia uma alcateia diferente de todas as outras, onde o centro era dominado por um imenso castelo de pedras escuras, as janelas altas, enfeitadas com vitrais retratando cenas de guerras há muito tempo esquecidas, refletiam a luz pálida da lua, como olhos atentos sobre tudo.
O interior do castelo era sombrio e grandioso, com tochas presas às paredes e tapeçarias antigas que contavam histórias dos antigos líderes que ocuparam aquela morada anos atrás. No coração do salão principal, um trono imponente de ferro e ossos se erguia sobre degraus largos, e sentado nele estava um alfa mas não qualquer um.
Atlas Monroe era o braço que os anciãos nunca conseguiram alcançar, o alfa cruel, rebelde, aquele que nunca se submeteu ao domínio dos anciãos, um lobo que até os velhos tinham medo de provocar…
Seus olhos vermelhos queimavam como fogo e sua postura emanava perigo e autoridade. As mãos descansavam sobre os braços do trono, e o silêncio que pairava no salão era quase sufocante para os guardas, mas para ele era prazeroso. Do outro lado da sala, tres lobas estavam sentadas em pequenos tronos, usando roupas reveladoras e sensuais, mas também muito ricas, com pedras preciosas sobre o tecido, pareciam apenas esperar uma ordem do rei, e realmente estavam a disposição, ou melhor, a mercê dele.
A porta se abriu e passos ecoaram pelo chão de pedra quando um homem entrou, caminhando com pressa até parar diante do trono. Sem hesitar, ajoelhou-se com a cabeça baixa em sinal de respeito, sem levantar os olhos em momento algum.
Atlas inclinou-se levemente para a frente, a voz carregada de impaciência e irritação.
— O que você quer?
O homem respirou fundo antes de falar, mantendo o tom reverente.
— Alfa Atlas… finalmente aconteceu.
Um lampejo de interesse cruzou os olhos do alfa, mas sua expressão permaneceu rígida.
— O que aconteceu?
— A anciã… — o homem prosseguiu, quase trêmulo. — A anciã disse que finalmente a loba-oráculo despertou.
Por um instante, o silêncio voltou a reinar, então, um sorriso lento e sombrio surgiu no rosto de Atlas. Ele se levantou do trono, descendo as escadas com um brilho de euforia no olhar.
— Finalmente… — murmurou, como se saboreasse cada sílaba, seus olhos vermelhos ardiam mais intensos. — Vamos até ela agora mesmo.
O homem ergueu a cabeça, surpreso com a pressa.
— Mas, alfa… Ela… Ela está sob tutela do alfa supremo, é a filha dele. Precisamos nos preparar, reunir homens, planejar…
Atlas o interrompeu, sua voz cortante como lâmina:
— Com River? Que ótimo… Dois coelhos nunca cajadada só, vou ter um motivo para despedaçar ele e sua alcateia. Não há tempo para planos, a loba-oráculo precisa ser minha, minha e de mais ninguém.
Ele abriu os braços, como se falasse a uma multidão invisível.
— O destino não espera, e eu também não.
***
Enquanto Atlas preparava sua caçada, em outra parte do continente, a mata que circundava a Lua Sangrenta estava tomada por caos.
Entre as árvores, um monstro de pelos brancos corria como um furacão. Seu tamanho era descomunal, as garras arrancavam pedaços de terra e troncos como se fossem nada além de galhos fracos. A cada passo, o chão tremia, e os uivos dos lobos da guarda ecoavam tentando contê-lo.
Mas nada conseguia pará-lo, lobo algum conseguia alcançá-lo.
Ele destruía tudo no caminho, partindo árvores ao meio, derrubando rochas, despedaçando as defesas naturais da floresta, deixando um imenso rastro para trás. Seu rugido reverberava como trovão, e mesmo os mais valentes guerreiros recuavam diante da fúria cega que parecia consumi-lo.
No entanto, por trás da violência, algo estava diferente.
Em sua mente, confusa e sombria, palavras soltas ecoavam como fragmentos de um juramento:
“Proteger.”
“Companheira.”
Amber passou as mãos pelos cabelos, respirando fundo, tentando não chorar.
— Você não sabe o que está dizendo… — ela murmurou, a voz trêmula. — Ele… ele matou a nossa mãe, Lua. A nossa mãe! Você tem ideia do que é isso? Como você pode achar que ainda existe alguma bondade nele?
O silêncio que veio depois foi pesado, Lua baixou o olhar, engolindo o nó na garganta. Não queria machucar Amber, não queria abrir feridas que ainda bão tinham se curado.
“O que eu pensei que ia acontecer? Que ela ia ficar feliz ou que ia querer procurar ele/ Burra, burra, burra! Tenho que esquecer isso…”
— Desculpa… — disse por fim, com voz baixa. — Eu não devia ter falado.
— Eu sei que você quer acreditar no melhor, mas… não faça isso comigo, não me peça para acreditar também.
Lua não respondeu, apenas se levantou, se aproximou da amiga e a abraçou com força. Amber correspondeu, chorando baixinho contra o ombro dela.
No entanto, no fundo, Lua sabia.
Sabia que tinha visto algo nos olhos vermelhos de Caleb que ninguém mais via, algo que não era apenas destruição ou loucura, que talvez fosse o fio mais frágil de humanidade em meio ao monstro.
E, mesmo sem dizer, no coração dela, a certeza queimava como uma chama secreta: Caleb não era só o que diziam.
“Monstrinho… Espero que esteja bem…”
Do outro lado do continente, Atlas reunia suas forças, organizando soldados, seus lobos mais fortes, pronto para invadir e tomate o que achava que pertencia a ele, a criatura rara por quem esperou por anos e anos.
E, na Lua Sangrenta, enquanto Amber chorava em seus braços, Lua sentia, como um comichão atrás dos olhos, como uma dor em seu peito, que algo estava chegando, algo que nem seu pai, o alfa-supremo, poderia conter.
O destino já estava em movimento.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...