Viver entre os humanos era uma hipótese mas Lyra não sabia se gostaria daquilo de verdade.
Eles se viraram de costas para a cidade e continuaram pela mata em silêncio. A civilização ficava para trás, como um mundo paralelo que jamais os aceitaria de verdade. O lobo os seguiu logo atrás, atento, e o vento soprou mais frio naquela parte da floresta.
Caminharam por mais alguns minutos em silêncio, os galhos estalando sob os pés, enquanto os sons da cidade iam ficando para trás, abafados pela mata densa. O sol já estava mais alto, rompendo entre as copas das árvores com feixes quentes de luz.
River seguia ao lado de Lyra, vez ou outra olhando para trás, como se ainda tentasse entender o que tinha visto.
— Você gosta das coisas dos humanos? — perguntou de repente, sem tirar os olhos do chão.
Lyra hesitou por um segundo. Era uma pergunta simples, de resposta simples também. Tudo o que Lyra viu dos humanos parecia… Legal, mas não viu muito do que eles haviam inventado.
— Gosto de algumas coisas, sim. — respondeu, a voz ficando mais suave com a lembrança. — Dos programas de TV, por exemplo. Tinha um que passava sobre veterinários que cuidavam de bichos selvagens. E também… da N*****x.
— N*****x? — River a olhou, confuso.
Ela riu baixinho.
— É como uma caverna mágica com todas as histórias que você puder imaginar. Tem filmes, séries, desenhos. Histórias de amor, de guerra, de monstros e heróis. Os humanos adoram criar outros mundos quando não aguentam o próprio.
River pareceu interessado.
— E você via essas coisas na sua alcateia?
— De vez em quando. — ela respondeu, voltando a fitar a trilha à frente. — Quando eu estava limpando os quartos das meninas da elite. Algumas deixavam a televisão ligada, e eu aproveitava pra assistir um pouco enquanto varria ou trocava os lençois. Mas tinha que ser rápido… se alguém visse, eu podia ser punida.
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