O caminho de volta para a Lua Sangrenta foi silencioso.
Lua andava entre os pais, os guardas fechando o grupo em um círculo apertado. As lanternas iluminavam o chão úmido da floresta, mas cada sombra parecia observá-la. Ainda sentia nas mãos o calor do sangue da fera, o olhar vermelho gravado na mente, mas não teve coragem de abrir a boca.
River não tinha dito uma palavra desde que a encontrara e, quando atravessaram os portões da alcateia, o peso caiu de uma vez. O som dos uivos de alerta cessou, mas a tensão permaneceu, Lyra caminhava ao lado da filha, uma das mãos firme em seus ombros.
No salão principal, quando finalmente ficaram a sós, River se virou de repente, os olhos vermelhos do que Lua achou ser pura irritação.
— Você enlouqueceu? — a voz dele não foi alta, mas dura de um jeito que Lua nunca tinha ouvido. — Saindo sozinha no meio da noite? Fugindo pela mata quando um alfa louco está vindo te caçar? No que está pensando, Lua?
Lua abriu a boca, mas não teve tempo de responder.
— Você sabe o que está acontecendo! — ele continuou, a voz subindo um tom enquanto passava as mãos nos cabelos. — Atlas está vindo, sua cabeça é um prêmio para qualquer um, e ainda temos essa maldita fera rondando. E você... você foge do quarto sem ninguém perceber? Não criei uma filha irresponsável! Isso não fui eu quem te ensinou!
Lyra tentou acalmar a situação, a voz mais suave.
— River, precisa ter calma…
— Não, Lyra. — Ele ergueu a mão, os olhos fixos na filha. — Ela precisa entender a gravidade da situação, ou o sacrifício de todos vai ser jogado no lixo!
Lua respirou fundo, o coração martelando dentro do peito enquanto ouvia o pai de cabeça baixa.
— Pai, eu senti… eu não saí por um capricho bobo, eu senti que ele precisava de mim…
— Ele? — River a interrompeu, a voz carregada de incredulidade. — Ele quem? Você tá falando do monstro?
— Não é só um monstro! — a garota rebateu, num tom que surpreendeu até a si mesma. — Ele veio por mim, não me atacou, precisava de ajuda, da minha ajuda!
— Já chega! — River rugiu, o som grave ecoando pelo salão. — Não quero ouvir mais sobre isso, e você não sai sozinha daqui nunca mais, entendeu? Essa fera, é só isso, uma fera, ele matou a própria mãe, não tem consciência, Lua!
No dia seguinte, o sol parecia preguiçoso, escondendo-se atrás de nuvens pesadas, a tarde arrastava-se lenta, e a alcateia mantinha-se em alerta. Lua não saiu do quarto, Amber tentou arrancar um sorriso dela, mas tudo o que conseguiu foi um silêncio pesado.
Enquanto isso, longe dali, no coração da mata próxima as montanhas no meio da terra de ninguém, o exército de Atlas parava para descansar.
Eles haviam marchado sem pausa por horas, e agora as tendas erguiam-se rápido, como se brotassem do chão. Lobos em forma animal rondavam o perímetro, as orelhas atentas, os focinhos farejando o ar. Homens e mulheres armados organizavam fogueiras, afiavam lanças, dividiam pedaços de carne mal passada, o acampamento crescia em meio ao barulho de passos e ordens curtas.
No centro, uma tenda maior, feita com um tecido escuro e com o brasão da alcateia gravada nela, foi erguida para o alfa. Atlas observava em silêncio, em forma humana, a força era visível mesmo sem garras ou presas: alto, ombros largos, o olhar cruel de quem nunca conheceu nenhuma dúvida, sempre esteve certo de tudo o que fazia.
As correntes tilintaram quando ele puxou as duas lobas para dentro da tenda sem nenhuma delicadeza. As duas escravas mal estavam vestidas, usavam As duas tropeçaram, os olhos arregalados, as mãos trêmulas presas pelo ferro, a respiração acelerada mostrava como estavam apavoradas.
Atlas as empurrou para dentro com um gesto impaciente.
— Logo, vocês serão libertas. — O tom foi quase casual, como se falasse de um favor.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...