O último dia antes da guerra se foi tão rápido, e Atlas sentia a euforia no peito crescendo, no dia seguinte estariam a caminho da Lua Sangrenta e ele finalmente teria o que queria, a Loba-oráculo e, principalmente, a derrota de River. Haviam atacado um pequeno grupo de renegados mais cedo apenas por prazer e Atlas permitiu que alguns dos coitados fugissem, sem se importar com a sobrevivência deles, na verdade ele gostava, porque sempre que um lobo fugia dele, espalhava sua fama e ele tinha certeza que aquilo chegaria a Lua Sangrenta.
Quando Atlas saiu de sua tenda, ninguém precisou de ordem para se alinhar, bastou a sombra dele surgir na clareira: larga, determinada, se movendo junto com ele e seus lhos vermelhos deslizando por cada sldado devagar, para que todos se juntassem numa perfeita organização, de joelhos para ele.
Sua voz não ecoou, na verdade ela soou dentro da mente de cada soldado.
“Prestem atenção!”
Eles se ajuntaram um pouco mais, alguns em forma humana outros em suas imensas formas de lobos.
“Atacaremos na noite da lua cheia, amanhã!”, falou sem floreio, o tom frio e firme. “Não antes, não depois. Quando a lua estiver alta, quando o sangue quiser correr mais rápido, quando a deusa deles me olhar e não ousar fechar os olhos, nesse momento vamos acabar com o Alfa Supremo.”
Um murmurinho correu no círculo e morreu rápido; ninguém ali queria testar a paciência do rei das montanhas. Atlas varreu as fileiras com o olhar, como quem escolhe quem vive e quem morre.
“Eles acham que estão prontos para nós”, O canto da boca ergueu numa quase risada. “Dobraram as patrulhas, mandaram monstros, escondem o que me pertence desde sempre…”, Ele inclinou o rosto, saboreando a antecipação. “Mas nunca estarão prontos para o que vamos levar até eles!”
Um guerreiro se adiantou com respeito, era alto, cheio de cicatrizes, sua orelha direita faltava a metade. Ele se aproximou com uma caixa grande de madeira nas mãos, então se ajoelhou na frente de Atlas.
— Meu rei. — A tampa se abriu, revelando metal polido que devolveu a luz das fogueiras. — Como pediu.
Atlas pegou um dos objetos entre os dedos: um molde de prata para garras de lobo, a “unha” era um capuz cilíndrico que descia até a base, afinando numa ponta cruel. Por dentro, runas finas e uma pasta escura, oleosa.
— Feitas com prata das veias de Valeder, o primeiro macho prateado e unico que existiu — o guerreiro disse, orgulhoso, como quem mostra um filho. — Temperadas três noites em sangue de víbora e sumo de acônito. As runas… — ele tocou o próprio peito, tremendo de uma reverência supersticiosa — foram riscadas pela anciã. A prata corta a pele mais dura e o veneno vai enfraquecer. Um arranhão mata um beta. — Respirou, engolindo seco. — Um punhado de golpes… derruba até um Lycan.
— Xiu — Cecile respondeu, irritada, não com Jully de verdade mas pelo medo de serem pegas. — Hoje não… Vamos tentar na Lua cheia, vão estar distraídos com a batalha e a gente pode conseguir fugir.
Jully mexeu os dedos, nervosa, fazendo a corrente tilintar bem de leve. O som pareceu um grito pra ela, fazendo-a se encolher, mas seus olhos estavam fixos na amiga e um sorriso bem pequenininho surgiu em seus lábios.
— Você promete?
Cecile não prometia coisas, a vida ensinou que promessas são flores no deserto: bonitas e inúteis, mas olhou a menina, as sardas, as lágrimas secas na pele, e disse:
— Prometo.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...