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Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 124

As primeiras fileiras do exército inimigo romperam dos dois lados da estrada de terra. O metal da cerca chiou, cedeu, o portão estremeceu no batente. Explosões menores varreram a base, os selos que restavam, e, enquanto fumaça branca subia como névoa, formas saltaram por cima. O portão descarrilou da própria guia, tombando numa nuvem de pó, o som das defesas caindo ecoando pela lua sangrenta como um trovão que anunciava que tinham sido invadidos.

Muitos lobos de Atlas não levantaram, mas os que levantaram eram suficientes.

Atlas veio atrás, alto, imenso, em forma humana mesmo entre os lobos, como quem aprecia a própria entrada, o corpo desenhado e marcado de batalhas, a mandíbula cerrada, olhos cinza-escuros que, à luz da noite, quase pareciam negros.

Parou a poucos passos do portão derrubado, ao lado dele, dois comandantes em forma de lobo, suas garras banhadas em prata, manchadas pelo sangue dos soldados da Lua Sangrenta que faziam a primeira defesa do portão. Atrás, uma massa viva de lobos respirando em uma cadência sinistra, eram como uma parede.

Do lado de dentro, River respirou fundo, caminhando em direção a Atlas, parando há alguns metros dele, seus lobos se amontoando a suas costas, rosnando, mostrando as garras e as presas para assustar.

— Atlas isso não precisa ser assim, volte para seu castelo, não precisamos começar uma guerra — A voz do alfa supremo era séria, não havia medo ali, apenas a certeza de que ele continuaria aquilo, que seguiria aquele caminho até o fim.

Atlas sorriu de lado, como quem ouve uma criancice.

— É assim que se recebe a familia, irmão? — Seu tom era vitorioso venenoso, por isso aquilo era tão pessoal, porque o irmão que não via há mais de setecentos anos aquele que sempre odiou, que lhe tirou tudo depois que nasceu, era também o pai da arma que sempre almejou. — Você tem algo que me pertence, me dê a loba-oráculo e ficaremos em paz.

— Minha filha não é algo que pertence a você— River respondeu, sem virar o rosto para os lados, mas sabia de cor: Solomon meia passada à direita, Sebastian e Connan no flanco, os veteranos no anel, Petra coordenando as macas. — É sua sobrinha, não sua companheira, não vê como isso é doentio, até para você?

Atlas inclinou a cabeça, piscando os olhos, fingindo inocencia mesmo que sua palavras fossem crueis.

— Sangue não significa nada para mim, achei que já tivesse entendido isso… Entregue a loba-oráculo e vou deixar que enterre sua luna inteira, se eu tiver que arrancá-la dai, tudo o que vai restar da sua companheira são pedaços trucidados demais para juntar. Obedeça, irmão!

Foi tão rápido que apenas os mais próximos viram o estalo que percorreu a espinha de River, o vermelho ferver nos olhos, a mão tremer levemente enquanto se fechava em punho. Lyra, longe, no bosque, sentiu o choque pelo vínculo, como se uma lâmina fria tivesse encostado em seu coração pulsante, fazendo-a fechar os olhos e respirar fundo seu principal instinto era correr até ele, proteger seu companheiro, mas sentia que estar ali era o certo.

No meio desse caos, o Lycan e o Lobo Cinzento se estudavam a passos medidos, circulando um ao outro como planetas no mesmo sol. No focinho de Atlas, os dentes eram uma fileira de navalhas. Nas mãos de River, as garras enterravam e saíam da terra como âncoras.

“Onde ela está?” A voz de Atlas invadiu as cabeças mais uma vez, agora só para River, um sussurro nojento. “Sua filha, sua menininha... Entregue-a e podemos acabar bom isso! Seus lobos estão morrendo, vai matar todos por uma só?”

River não respondeu com palavras, apenas rosnou e se lançou sobre aquele que chamava de irmão, um irmão que ninguém sabia que existia até aquele momento um laço que esqueceu com os anos os séculos. Os segundos pareceram passar mais lentamente enquanto no ar, seu corpo descia em direção a Atlas e enquanto se preparava para, quem sabe matá-lo, a unica coisa que pensou é onde havia errado para que, no fim, sua unica família que restou acabasse num campo de batalha contra ele e seu coração se apertou naquele instante.

Mas não irira se arrepender.

Nunca se arrependia.

Atlas podia ser seu irmão, mas Lua era sua filha, e jamais a entregaria a um monstro.

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