River e Atlas continuavam destruindo tudo no caminho, inclusive a si mesmos. O rei das montanhas estava por um fio, o pelo cinza coberto de sangue, uma enorme ferida aberta em seu flanco direito, e River, menos machucado parecia ter a luta ganha.
Mas foi então que sentiu.
Um calor estranho, lento, começou no braço esquerdo, se arrastou pelo trapézio e subiu pra cabeça como uma febre que não esquentava subitamente e sem aviso. A visão escureceu nas bordas, tudo ficou um pouco longe e perto ao mesmo tempo. A força que sempre esteve ali, constante como batida de coração, pareceu diminuir e o Supremo cambaleou seu corno enorme vacilando
“O que é isso?”
Atlas mostrou os dentes, um sorriso torto e sem humor. Girou os punhos e mais um risco brilhou no ar, prata escura, quase negra, a mesma que ainda fumegava nas pontas das garras.
“Sente?” a voz chegou a mente de River vitoriosa. “A prata gosta do seu sangue, e o que cobri nela também… Não achou que eu seria idiota de enfrentar você sem nenhuma carta na manga nã é?”
“Seu desgraçado!”
River percebeu num lampejo: era um composto que lembrava mata-lobo, mas mais refinado, menos bruto, misturado a alguma coisa que travava a musculatura e embaralhava o foco. Algo novo, certamente feito com a tecnologia humana mesclada ao conhecimento ancião da alcateia de Atlas...
O mundo girou e River tentou firmar a perna, mas o peso traiu.
Atlas aproveitou a brecha como quem abre uma porta que já estava destrancada, dando o bote perfeito. O focinho empurrou o peito do Lycan, as patas de trás encontraram tração e o corpo cinzento tombou River de costas.
O Lobo Cinzento recuou um passo, e, num movimento rápido, voltou à forma humana, de pé, coberto de sangue que não parecia incomodar. Ele caminhou, sorridente até o Lycan caido e ergueu o pé, pisando na jugular de River, o pé esmagou o pescoço do Lycan no chão, mas não para matar, Atlas queria humilhar, queria que vissem o supremo caido, derrotado como um lobo qualquer.
“Espero que seus médicos sejam bem rápidos ou quando eu voltar sua filha nã vai ter um papai pra se despedir…”
Então, sem pressa, voltou a se transformar, quando as patas do Lobo Cinzento tocaram novamente a terra, ele uivou baixo, apenas para o exército dele. O comando foi claro: recuar.
Ele girou o corpo, sem olhar para trás, e começou a correr. Os guerreiros obedeceram em uma onda coordenada, recuando por cima de entulho e companheiros, juntando os próprios feridos de forma brutal e prática. Alguns lobos de Atlas ficaram no chão, os que não reagiram a tempo, os que viraram parte da poeira e do barulho. O Lobo Cinzento não olhou para nenhum deles, quem segue um rei aprende cedo que rei não olha para o que não quer.
“Uma semana.” As ultimas palavras do rei das montanhas ecoaram na cabeça do Supremo. “Depois, eu volto pra buscar o que é meu.”
E sumiram entre as árvores.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...