Só então, como se o tempo tivesse voltado a correr, e mais rápido do que antes, a alcateia respirou de volta. Sons irromperam de todos os lados: gente chorando, bruxas correndo com kits de primeiros socorros numa mão e ervas em outra, macas improvisadas deslizando, ordens de pressão aqui, vira, conta até três.
Solomon correu até River.
O Lycan voltou devagar à forma humana, pele, sangue, os ombros largos marcados, o corte do ombro esquerdo escorrendo um vermelho que começava a ficar cada vez mais escuro. Quando o supremo tentou levantar, o mndo inteiro girou de novo seus braços tremeram e ele caiu com um baque no chão de terra, gemendo de dor, mal conseguindo se mover.
— Solomon, vira ele! — Petra chegou com uma maleta e atrás dela vieram lobas com uma maca e outra com luvas que pegou as garras no chão. — River fique parado se ficar tentando se mover, vai fazer seu sangue circular mais rápido e o veneno vai ficar mais potente.
River obedeceu, ficando parado respirando com dificuldade enquanto o amigo o virava devagar, apele nas bordas dos arranhões em seu corpo começava a escurecer suas veias pintando de preto lentamente enquanto a toxina se espalhava por seu corpo e ele gemia de dor a cada minimo movimento..
— Chama as bruxas, os médicos humanos e a anciã da alcateia — Petra pediu a um jovem ao lado,enquanto limpava da melhor forma que conseguia cada corte visível de River, então apontou para as garras agora devidamente guardadas num saquinho estéril. — Quero análise disso aqui hoje, se a gente demorar o supremo pode nã ter um dia seguinte.
—Posso dar uma olhada! — uma bruxa de cabelos crespos, mochila de paramédica atravessada no peito, ajoelhou ao lado. Seu nome era Paola, de todas as bruxas era a mais próxima dos lobos, por isso estava ali.
Sacou um kit de testagem que parecia saído de laboratório de faculdade: tiras reagentes, ponteiras, um frasco âmbar com símbolo incrustado no vidro, algo mais comum para as novas gerações de bruxas do que para as mais velhas.
— Pode segurar? — perguntou a Solomon, que travou o braço de River com menos delicadeza do que gostaria.
— Lyra… — O alfa supremo resmungou, mas não estava delirando, estava chamando por sua companheira que estava desaparecida desde antes do confronto.
“Tô com ela, aguenta, amor.” A voz doce de Lyra ecoou na mente dele, fazendo-o respirar mais devagar, com mais calma. “Nossa filha saiu da alcateia, ela não estava ai.”
A bruxa encostou uma gota do sangue de River numa tira.
— Prata, misturada com uma erva… — murmurou, a tira manchou num tom quase azulado. — Mas não qualquer erva… Isso aqui tem… — ela cheirou, olhou, misturou com outra gota de reagente. — Algo sintético. Misturado com algo que age como bloqueador neuromuscular, quem fez estudou você, Supremo. — levantou os olhos para River. — O objetivo não era te matar hoje, era te parar.
— Ele conseguiu o que queria então… — o alfa respondeu a voz rouca quase desaparecendo. — Eu devia ter previsto isso…
— Ele disse uma semana — Solomon rosnou, os olhos brilhando em amarelo vivo. — Vai voltar, e até lá você vai me contar direito porque o chamou de irmão.
— Quando eu conseguir falar… Prom…Prometo explicar t… tudo — River falou, firme, mas ofegante. — Agora tira de mim… Tira esse negócio do meu sangue agora.
Petra sinalizou para Paola se afastar e assim que ela fez isso, os lobos ergueram o alfa e o colocaram numa maca, então todos andaram em direção ao hospital que graças ao sacrifício de alguns guardas ainda estava de pé e intacto.
— Seu trabalho agora é ficar vivo, eu cuido da alcateia e o resto a gente conversa depois — Solomon disse antes de se afastar de River e correr em direção ao caos que o pátio da frente se transformou.
Precisavam juntar os cacos, a guerra ainda não tinha acabado.
— Eu quero viver. — ela respondeu, chorando sem som, e puxou o metal com a outra mão até libertar o pé roxo. — Agora a sua.
— Eu consigo. — Cecile mordeu o lábio, moveu o tornozelo no mesmo ângulo e prendeu o ar; o estalo veio, seguido do mesmo gosto de ferro na boca, e a corrente caiu no chão com um clinc traidor.
As duas congelaram, um soldado passou perto demais, mas o homem só tossiu e seguiu quase correndo com caixas nas mãos.
— Vai — Cecile puxou. — Antes que ele olhe pra trás.
Elas correram curvadas, mancando, sumindo pelo corredor escuro entre caminhão e barraca, depois pelo mato baixo, depois pela mata. Só quando o som do acampamento virou só um sussurro baixo, é que ousaram endireitar a coluna. Jully mancava, mas corria porque a alternativa era morrer.
À frente, a paisagem abria, a divisão perfeita entre a mata e um conjunto de montanhas que formavam um labirinto avermelhado, um cânion estreito, pedras altas cortadas em paredes. O vento ali entrava e saía em assobio, levando cheiro embora, confundindo trilhas.
Um lugar para sumir.
Cecile olhou para Jully, Jully olhou para Cecile. Não disseram nada; as duas tinham o mesmo plano nos olhos: a gente se esconde aqui até alguém que não queira nos matar aparecer.
E mergulharam nas sombras do cânion.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...