O silêncio da madrugada foi quebrado por um som baixo, quase imperceptível no começo.
River abriu os olhos de súbito, o corpo ainda em alerta como um fio de tensão pronto para romper. Ele se moveu com cuidado, os olhos ainda meio fechados se voltando para Lyra.
Ela gemia.
O som rasgava o ar como um lamento contido. River se ergueu num salto, o coração disparando, os instintos a flor da pele. Algo definitivamente não estava certo.
— Lyra? — chamou, ajoelhando-se ao lado dela.
A garota se contorcia sob a capa que ele lhe dera, os punhos cerrados contra o peito, a respiração irregular. Choramingava, como uma criança assustada num canto escuro.
— Por favor... não... por favor...
A voz dela era fraca, trêmula, sussurrada entre dentes. Estava dormindo, mas o pesadelo parecia real demais. River estendeu a mão e tocou sua testa.
Estava queimando de febre.
— Merda...
Estava encharcada de suor, mas a pele ardia como brasa viva, seu rosto estava pálido, com manchas vermelhas nas bochechas e nos lábios entreabertos.
— Acorda... Lyra, olha pra mim — pediu, sacudindo-a de leve.
Ela não respondeu, o choro se intensificou, as palavras desconexas escapando entre suspiros dolorosos.
— Eu imploro... não de novo...
O desespero apertou o peito de River, ele a segurou pelos ombros, tentando trazê-la de volta.
— Lyra, sou eu, River. Você tá segura, me escuta? — sua voz saiu rouca, baixa, com urgência. — Por favor, acorda.
Nada.
A febre era intensa demais, ela estava ardendo, mas ao mesmo tempo suava como se o próprio corpo estivesse tentando expulsar algo de dentro para fora.
Foi quando River sentiu o cheiro.
Algo podre, metálico. Misturado ao aroma natural de Lyra, havia algo... errado.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo