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Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 13

O silêncio da madrugada foi quebrado por um som baixo, quase imperceptível no começo.

River abriu os olhos de súbito, o corpo ainda em alerta como um fio de tensão pronto para romper. Ele se moveu com cuidado, os olhos ainda meio fechados se voltando para Lyra.

Ela gemia.

O som rasgava o ar como um lamento contido. River se ergueu num salto, o coração disparando, os instintos a flor da pele. Algo definitivamente não estava certo.

— Lyra? — chamou, ajoelhando-se ao lado dela.

A garota se contorcia sob a capa que ele lhe dera, os punhos cerrados contra o peito, a respiração irregular. Choramingava, como uma criança assustada num canto escuro.

— Por favor... não... por favor...

A voz dela era fraca, trêmula, sussurrada entre dentes. Estava dormindo, mas o pesadelo parecia real demais. River estendeu a mão e tocou sua testa.

Estava queimando de febre.

— Merda...

Estava encharcada de suor, mas a pele ardia como brasa viva, seu rosto estava pálido, com manchas vermelhas nas bochechas e nos lábios entreabertos.

— Acorda... Lyra, olha pra mim — pediu, sacudindo-a de leve.

Ela não respondeu, o choro se intensificou, as palavras desconexas escapando entre suspiros dolorosos.

— Eu imploro... não de novo...

O desespero apertou o peito de River, ele a segurou pelos ombros, tentando trazê-la de volta.

— Lyra, sou eu, River. Você tá segura, me escuta? — sua voz saiu rouca, baixa, com urgência. — Por favor, acorda.

Nada.

A febre era intensa demais, ela estava ardendo, mas ao mesmo tempo suava como se o próprio corpo estivesse tentando expulsar algo de dentro para fora.

Foi quando River sentiu o cheiro.

Algo podre, metálico. Misturado ao aroma natural de Lyra, havia algo... errado.

Conhecia as plantas, os caminhos, o cheiro da cura. Haviam ervas que podiam ajudar com infecções, outras para baixar a febre. Se misturasse direito, poderia aplicar uma pasta diretamente sobre a marca e talvez impedir que a febre a matasse antes do amanhecer.

Porque era disso que se tratava.

Lyra estava morrendo.

Se ele não fizesse algo logo, perderia ela.

Não entendia porque ela não estava se curando, mas não tinha tempo para pensar sobre isso. A ideia de vê-la apagar diante dele apertava sua garganta de forma sufocante. River não entendia bem o motivo, mas algo dentro dele se retorcia só de imaginar a ausência dela. Era mais que preocupação. Era instinto. Uma ligação antiga, tênue... e perigosa.

Quando finalmente achou a primeira planta, ajoelhou-se com pressa. Raspou a raiz com a adaga, esmagou algumas folhas entre os dedos e as levou ao nariz.

— Isso vai servir...

Seguiu adiante, ignorando a dor que sentia nas pernas. Precisava de mais. Algumas flores específicas. Um musgo prateado que crescia perto das pedras. Uma seiva que escorria de uma árvore alta que havia visto no caminho.

Recolheu tudo com rapidez, enfiando nos bolsos e embrulhando em folhas grandes para não deixar o calor das mãos interferir. Depois voltou, juntou tudo e amassou, só então, com a pasta pronta nas mãos, os dedos manchados de verde escuro e o coração disparado, se aproximou dela. Não hesitou nem por um segundo. Ajoelhou-se ao lado de Lyra e, com o máximo de delicadeza que seu corpo grande permitia, afastou a capa e ergueu a camisa dela.

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