Lua ouviu primeiro os passos se aproximando, depois sentiu o cheiro de sangue e de medo, e já estava em pé quando Tailon surgiu com as duas. Amber veio atrás com a lanterna na mão, baixando a luz pra não ferir os olhos.
— Achei elas no cânion — Tailon resumiu, a voz baixa e rápida. — Desidratadas, com cheiro de mata-lobos. Sem corrente, mas com marca recente, estão fugindo igual a gente.
As duas olharam o interior da caverna, o olhar bateu na mochila, no cobertor, na mão de Lua que se ergueu num gesto de “vem”. E, então, lentamente, elas perceberam o enorme monstro mais ao fundo.
A massa branca, olhos vermelhos, com respiração profunda ecoando no teto. Conheciam aquela criatura foi o mesmo monstro que atacou o acampamento de Atlas apenas alguns dias atrás que matou vários soldados.
Jully travou, Cecile deu um passo à frente, puro instinto, ficando na frente da amiga.
Caleb ergueu a cabeça com aquela lentidão consciente de quem sabe que qualquer movimento brusco vai causas panico. Cheirou o ar, não planejando atacar apenas tentando checar e baixou um pouco o focinho. A voz veio no tom mais humano que ele tinha:
— Sem… perigo. — Uma pausa, para que a frase coubesse. — Aqui… não machuca.
Aquelas três palavras, naquele corpo, naquele tom, fizeram mais do que qualquer discurso.
Lua deu dois passos e sorriu levemente, tentando passar segurança para as duas, seu peito se apertou ao ver o estado em que elas estavam, muito machucadas, magras e o cheiro de mata-lobos chegava até ela fraco, mas presente.
— Vocês estão seguras — disse, olhando pras duas. — Eu sou Lua, essa é a Amber. Vocês estão machucadas, vem, vamos ajudar a limpar pegar alguns remédios, também vamos tentar arrumar alguma coisa pra vocês vestirem.
Cecile tomou a frente, sabia que sua amiga estava fraca demais para recusarem ajuda e sentia que aquele grupo, mesmo com o monstro ali, eram boas pessoas. Talvez as melhores que viam em um longo tempo.
— A gente fugiu do Atlas. — falou baixinho. — Ele é… — procurou a palavra que não transformasse tudo em lama — um monstro, nos trouxe pra ca acorrentadas. — Olhou pro chão. — Deixava a gente… presa. — As mãos tremeram só de lembrar. — Ele… — parou e recomeçou por outra beira — ele injetava mata-lobos na gente, doses pequenas. Pra não morrer, mas pra… — engoliu — Pra a gente não consegue se transformar ou se curar… Por isso estamos tão machucadas, nosso corpo não consegue curar tudo.
Jully, que até ali só respirava chorando, encontrou um resto de voz:
— Ele me machucou… — os olhos ardiam de febre e vergonha que não era dela — Ele… Ele …
Ela não precisou terminar de falar para que todos entendessem o que queria dizer.
— Obrigada — Cecile falou, e o “obrigada” tinha um tom tão grato e emocionado que foi impossível esconder.
As três desapareceram pelo corredor, a lanterna deu dois clarões, depois sumiu na curva.
Caleb acompanhou as três com os olhos e depois voltou o olho pra Tailon.
— Atlas… — disse, como quem testa o inimigo na boca. — Machucou.
— Aquele monstro machuca todo mundo — Tailon respondeu, encarando de volta, sem medo. — Mas elas vão ficar bem, parecem ser bas pessoas — Sentou na pedra oposta, que servia de banco. — Você conhece esses cânions melhor do que qualquer um de nós certo?
— Conheço. — Orgulho quase infantil no tom. — Corri… Por… tudo aqui. — as palavras sairam com satisfação.
— Ótimo. — Tailon apoiou os cotovelos nos joelhos. — A gente vai precisar disso… Sei que essa caverna é boa, mas acho que em algum tempo vamos precisar nos mover ou vão achar a gente.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...