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Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 137

No acampamento, o rei das montanhas andava de um lado pro outro com aquela energia de tempestade dentro do corpo. O corpo ainda estava dolorido por causa do encontro com a Luna da Lua Sangrenta, mas o orgulho doía mais. Já tinha mandado batedores pra todos os lados, aumentado o turno, prometido recompensa pra quem trouxesse a loba-oráculo ou pistas sobre seu paradeiro. E, ainda assim, alguma coisa fora de ordem incomodava como pedra no sapato.

— Onde estão as minhas? — perguntou, sem olhar pra ninguém específico.

Ninguém respondeu num primeiro instante, e isso foi o bastante.

— As duas — Atlas insistiu, agora olhando de um em um como quem confere a coragem. — Cecile. Jully. — O nome no tom dele era propriedade.

Um soldado mais novo engoliu um “não sei” que não teve tempo de virar palavra.

— Procurem — Atlas disse, o ar ficando frio à volta. — Agora!

Não precisou de vinte minutos para trazerem o relatório torto: correntes no chão da tenda vazia, rastro fraco de sangue que misturava com poeira, nada de corpos, nada de pistas.

Por um segundo Atlas ficou em silêncio seu corpo tenciona todo e, instantes depois, o primeiro que estava perto voou pelo ar quando o alfa atacou, fazendo o soldado bater no chão metros a frente. O segundo sequer teve tempo de erguer as mãos: o rei desferiu um golpe seco na traqueia; o estalo foi curto, final.

— Duas escravas — ele rosnou, os olhos brilhando de ódio — e vocês perdem as duas. — Olhou para o horizonte como se pudesse ver por cima das árvores. — Elas não chegam longe. — Virou-se pros batedores. — Ouçam bem: tragam-nas vivas até mim. — O sorriso que veio não tinha nada de humor. — Eu as mato com as minhas próprias mãos. Mas se nã as encontrarem vou matar todos vocês!

Ninguém perguntou por quê. Ninguém se ofereceu pra aliviar. Ali, se oferecia só o medo.

— E avisem os outros — ele completou, já virando as costas. — Em uma semana, a Lua Sangrenta sangra de novo. Se o supremo não vir com a filha, eu termino o serviço.

O exército se moveu rapidamente e Atlas entrou na tenda grande, como quem volta pro trono. Do lado de fora, a caça tinha dois alvos novos e o mesmo fim anunciado.

***

Os dias no cânion começaram a ter uma organização própria. De manhã, Tailon checava a entrada, refazia a barreira de pedras e galhos e deixava um “alarme” de linhas finas amarradas entre rochas. Amber cuidava dos curativos, separava remédios e comida. Lua tentava descansar encostada no peito enorme de Caleb quando ele dormia, usando a respiração dele para desacelerar a dela.

Cecile melhorava devagar, as manchas roxas clareavam, as marcas do ferro cicatrizavam, mas Jully não. A febre baixa insistia, a fraqueza não cedia, a pele continuava opaca. Mesmo sem novas doses de mata-lobos, o corpo dela parecia travado.

Naquela noite, o frio entrou cedo. Tailon fechou melhor a passagem, Amber conferiu as mochilas, Lua apagou a lanterna maior para poupar bateria. Caleb foi mais para o fundo e apagou, exausto.

Cecile ficou acordada, cuidando de Jully, a mão passando no cabelo da amiga sem nem precisar pensar. Lua rolou no colchonete, abriu os olhos e desistiu de forçar o sono. Levantou em silêncio e parou ao lado das duas.

— Posso? — perguntou, baixa.

— Claro, senta aqui— Cecile respondeu, abrindo espaço.

— Se funcionar, qualquer lobo…

— Pode obedecer contra a vontade — Cecile completou. — Até o seu pai.

Lua respirou fundo e baixou a cabeça.

— Sou a loba-oráculo. — Jogou a verdade sem rodeio. — É por isso que ele me quer.

— Eu imaginei — Cecile respondeu. — Tem mais uma coisa. A bruxa disse que você é a jia da coroa de um rei, falou que se ele te tiver, se te marcar, vai ser o lobo mais poderoso que existe. — Olhou para Lua. — Acho que é por isso que ele insiste tanto em você.

— Ele nunca vai ter — Lua disse, firme.

— Ele acha que vai — Cecile devolveu. — Mas cm certeza você e seu pai vão conseguir dar um jeito…

Lua encostou a mão na de Cecile.

— Obrigada por me contar.

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