Naquele dia, Caleb tinha saído uma hora antes para correr ao redor usou a desculpa de que queria patrulhar quando, na verdade precisava de um tempo longe de todos para conseguir vencer a luta que estava travando dentro de si mesmo contra o monstro. Agora as coisas eram diferentes, porque apesar de ser homem, também era fera e esse equilibrio era dificil de manter, por isso correr entre os canyons era tão importante para ele. Estava voltando quando parou ao ouvir um barulho estranho para aquele lugar. Eram passos contidos, mas rápido e o cheiro de lobos era inconfundível para um monstro com um olfato tão bom quanto o dele.
Ele não pulou. Encostou nas pedras e observou. Eram cinco, três à frente, dois atrás. Um deles tocou o chão e falou baixo:
— Rastro novo.
— Tem cheiro de mulher — outro disse, rindo. — Duas, talvez três.
Ouvi-los falar sobre Lua fez a raiva quase sair do controle, mas o monstro respirou um pouco mais fundo, tentando ficar escondido, mesmo que, com seu tamanho, fosse bem dificil.
— Se acharmos as escravas primeiro, o rei vai ficar mais calmo — o da frente falou. — Se for a oráculo, se preparem para subir para a guarda real.
— Bom seria encontrar essas três vadias, acha que se fizermos isso ele coloca a gente pra morar no castelo? — o de trás perguntou, com um sorriso animado.
E aquelas palavras foram o suficiente para tirar o pouco controle que a fera estava cultivando naqueles dias.
Caleb saiu da sombra com um rugido, o soldado que estava mais perto dele caiu no chão com o susto, mas os outros quatro não demoraram para se mobilizar. Rapidamente dois deles assumiram suas formas de lboo e atacaram, enquanto os outros dois apontaram para a fera um tipo de arma que ele não conhecia. Os dois lobos mordiam e arranharam, mas com golpes rápidos que Caleb revidava.
Porém, antes que ele pudesse partir qualquer um no meio, um grito ecoou:
— Afastem!
Então assim que o batedor gritou isso ele e seu parceiro atiraram e quando percebeu Caleb já estava no chão. Seu corpo grande queimava e, sobre ele, um tipo de rede banhada em prata pressionava seu corpo no chão, a pele soltando fumaça onde a prata encostava.
Era pra isso que as armas serviam, provavelmente projetadas para capturar escravos que fugiam.
— Fala, monstro! — o batedor subiu na rede para dar peso. — As concubinas, a oráculo. Onde estão?
A lâmina encostou no pescoço. Caleb puxou ar e segurou, o ódio que sentiu não era só seu; lembrança de Jully e Cecile atravessou sua mente, mas mesmo com toda sua raiva, os batedores pareciam bem preparados para ele. O que esperar além disso dos homens de Atlas?
— Não… — a voz gutural do monstro ecoou e os batedores olharam uns para os outros.
— Tá certo, então vamos nos livrar de você, isso pelo menos vai deixar o rei satisfeito!
Mas foi aí que o plano deles quebrou. Um assobio curto veio de cima e uma sombra pequena desceu pela pedra, ágil. Outra veio lateral e, quando saltaram, o sol bateu nos pelos avermelhados, quase brilhantes. Eram duas raposas, menores que lobos, mas infinitamente mais ágeis. A primeira mordeu calcanhar de um dos batedores, a segunda arranhou o antebraço e a pressão da rede afrouxou quando os lobos começaram a se movimentar para tentar combater as estranhas aparições que supostamente já estavam extintas. Caleb arrancou a rede e jogou dois dos três que ainda estavam inteiros contra a parede. O ultimo encarou o grande monstro e as duas raposas ao seu lado e sem pensar duas vezes, virou as costas correndo e sendo seguidos por seus companheiros.
As raposas pararam, checaram o entorno desconfiadas e só então mudaram de forma, exatamente como os lobos mudam mas com um pouco mais de delicadeza. Um rapaz de uns vinte e poucos anos, cabelo castanho e olhos âmbar surgiu ao lado de uma moça um pouco mais nova, cabelo curto preto e joelhos ralados.
— Calma — o rapaz disse, mãos erguidas. — Não queremos machucar você.
A moça assentiu.
— Vimos te atacarem e viemos ajudar.
Caleb ficou em pé, mesmo com dor não parecia nem um pouco abalado.
— Obrig… ado. — disse, meio rouco.
— Solaris — o rapaz apontou para a garota e depois para si mesmo. — E eu sou o Bertil.
— Nome estranho, eu sei — ela cortou o comentário que viria. — Culpa da nossa mãe.
— Ca… leb — ele devolveu, devagar.
Eles trocaram um olhar curioso, afinal, os boatos sobre a fera que rondava o canion haviam chegado até eles e perceber que aquela coisa enorme não era só um monstro ela no mínimo, surpreendente.
— Sabemos que tem mais pessoas com você — Solaris disse. — Estavamos observando uns dias atrás… Mas não foi com má intenção, juro. Só ficamos… Curiosos lobos não entram no cânion.
Bertil apontou pro ombro:
— Se quiser, podemos ajudar a limpar e, bem se tiver um grupo, a gente pode ajudar, é dificil pra lobos se virarem aqui, parece um deserto, vocês não se camuflam bem.
Caleb pensou rápido. Ele realmente precisava de ajuda com a prata e se os batedores chegaram até ali, com certeza mandariam reforços da próxima vez.
Eles entraram com cuidado, Bertil olhou a cena toda num giro: as mochilas, as garrafas, as gazes. O olhar dela parou em Jully.
— Ela realmente não tá bem — disse, direto.
— Não mesmo — Amber respondeu, suspirando. — Injetaram mata-lobos nela muito tempo e a gente não sabe mais o que fazer pra ela se curar.
— Por que vocês ajudaram? — Tailon perguntou, claramente desconfiado. — Vocês são o que?
O cheiro dos dois era estranho para os lobos, sabiam que não eram humanos, mas o que eram então?
— Vimos o amigo de vocês numa situação complicada e ajudamos, odiamos quando lobos invadem nosso lugar principalmente esses mais… Malvados. Sobre o que somos… Somo s raposas.
Bertil assentiu.
— Estávamos na hora certa e o lugar certo.
Todos ficaram em silêncio por um instante, e apesar de um pouco relaxado, Tailon ainda estava claramente desconfiado.
— Obrigada — disse aos dois. — A gente achava que… Que as raposas estavam extintas.
— Só nos escondemos bem para ficar longe das brigas dos lobos, mas parece que agora a briga chegou na gente também.
***
Na borda do cânion, muito tempo depois, dois batedores encaravam o Canion com olhares irritados e expressões frias eles estavam meio transformados, farejando o ar com impaciência enquanto a noite ficava cada vez mais escura.
— Vamos precisar de reforços — falou.
— Avise ao rei que as raposas sairam da toca — o parceiro respondeu.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...