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Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 141

O hospital improvisado das raposas ficava numa parte mais alta do acampamento, era uma grande tenda e tudo ali era silencioso, as pessoas mal passavam por perto para não incomodar aqueles que precisavam de cuidados. Lá dentro, o ar cheirava a álcool, ervas e remédios. Jully estava deitada numa das macas, o corpo coberto por lençóis limpos. Suava, mas já não tremia tanto, o que já era bom.

Bertil permanecia sentado ao lado dela, quase sem piscar, estava ali a horas, verificando pessoalmente cada sinal vital da loba, procurando qualquer sinal de que seu corpo ainda estivesse lutando. A cada pequeno movimento, ele se inclinava, atento, medindo a temperatura da pele dela, o ritmo da respiração.

Cecile apareceu com uma tigela de água e um pano úmido.

— Você precisa descansar um pouco — disse, colocando a tigela na mesa. — Eu posso cuidar dela agora, já ajudou muito.

— Ela ainda está fraca — respondeu ele, sem desviar o olhar. — A febre pode voltar.

— Eu sei — Cecile assentiu, suspirando. — Mas você não pode ficar aqui a noite inteira.

Bertil finalmente olhou pra ela, os olhos dourados estavam cansados, mas firmes.

— Ela é forte, só precisa de tempo.

Cecile o observou por um momento e percebeu o que ele ainda não tinha coragem de admitir.

— Você sente o vínculo, não sente?

Ele desviou o olhar, o maxilar travando.

— Não sei do que está falando.

— Sabe sim. — A voz dela saiu suave, sem acusação. — Eu já tive um companheiro reconheço esse olhar.

O rapaz respirou fundo, balançando a cabeça e se levantando.

— Pare de pensar besteiras, lobos e raposas não podem formar vínculos, a deusa une apenas seus iguais, todo mundo sabe disso.

— O destino nunca se importa com o que pode ou não acontecer — disse Cecile, molhando o pano e passando na testa da amiga. — Mas se for verdadeiro, vai sobreviver a qualquer regra.

Bertil ficou em silêncio, tocou de leve a mão de Jully, sentindo o calor da pele dela. Seu coração bateu mais rápido, mais forte, mas então ele se afastou e suspirou, saindo do hospital mais rápido do que pretendia.

***

Na parte externa do acampamento, Solaris caminhava com Amber. As duas carregavam canecas de chá, o vapor subindo entre elas. O clima estava leve, pela primeira vez em dias e ninguém precisava correr ou fugir.

— Então vocês vivem aqui há muito tempo? — perguntou Amber.

— Desde antes da guerra dos montes — respondeu Solaris. — Quando as cidades começaram a se expandir, escolhemos ficar na mata. Mantivemos o que era nosso e aprendemos a usar o que veio dos humanos. — Ela apontou para o gerador que zumbia ao fundo. — Energia solar, conexão via satélite. A gente se adapta.

Amber riu de leve.

— Vocês são mais organizadas que metade das alcateias que eu conheço. Minha mãe também organizava a nossa assim.

— Temos que aproveitar o melhor que conseguimos dos humanos sem perder nossa essência, né?

Amber sorriu, balançando a cabeça.

— É... faz sentido.

Solaris observou Tailon, que conversava com alguns guerreiros adiante. O jeito dele, meio desajeitado, meio atento demais a Amber, era óbvio.

— E vocês dois? — perguntou, arqueando a sobrancelha.

Amber fingiu não entender.

— O quê?

— Você e o ruivo. Estão juntos?

Amber engasgou no chá e tossiu.

— N-não. Quer dizer... ainda não.

— Ainda? — Solaris riu, divertida. — Então tem chance.

Amber corou.

— Ele é... complicado.

— Homens sempre são — respondeu Solaris. — Mas vocês formam um casal bonito.

Amber não respondeu, só olhou para Tailon por um instante e sorriu de canto.

***

Lua fechou os punhos.

— Isso destruiria tudo.

— Sim. E é por isso que precisamos agir antes dele testar.

Ela ficou em silêncio por um tempo, observando o reflexo das duas na água.

— Eu ainda não sei o que posso fazer... — confessou Lua.

Renee se levantou, apoiando-se na bengala de madeira.

— Você vai saber quando for hora. O poder dentro de você está acordando. O vínculo com a fera é a chave, e só você pode decidir se o homem vence o monstro.

Lua ficou parada, olhando a superfície calma do lago.

***

A muitos quilômetros dali, Atlas atravessava o acampamento com passos duros, o vento da noite fazia o fogo das tochas dançar, o rosto dele ainda estava manchado de sujeira da caverna destruída.

Dentro da tenda central, uma bruxa velha o aguardava. A pele enrugada, os cabelos brancos trançados em mechas finas, e os olhos tão claros que pareciam vidro.

— Está quase pronto — disse ela, sem rodeios. — O uivo de comando, só falta uma coisa.

Atlas arqueou uma sobrancelha.

— E o que seria?

— O sangue da oráculo. — Ela sorriu, mostrando os dentes escuros, então mostrou um pequeno fracos com uma poção escura. — É o que vai ligar a magia à carne. Misture o sangue dela aqui e beba, mas faça isso apenas na lua de sangue, então você vai conseguir comandar qualquer um até o alfa supremo.

O sorriso do alfa cresceu, frio e cheio de poder. A possibilidade de poder subjugar seu irmão, de forçá-lo a caçar sua propria filha… Aquilo lhe dava uma felicidade genuina que nã conseguia conter.

— Finalmente, uma boa notícia.

Ele virou-se para o mapa estendido sobre a mesa. O dedo percorreu as linhas desenhadas até o ponto onde ficava a alcateia inimiga.

— Preparem tudo. — O tom era firme, quase calmo. — Na próxima lua de sangue, o mundo vai se ajoelhar.

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