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Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 144

O som dos pássaros do lado de fora era suave, quase distante. Jully abriu os olhos com dificuldade, as pálpebras pesadas. Por um momento, tudo pareceu turvo, a luz entrando pelas frestas da cabana, o cheiro de ervas queimadas e o som baixo de passos ecoando no corredor. Tentou se mover, mas o corpo doía, estava exausta.

— Ei... — A voz veio baixa, calma. — Calma, não se mexe ainda.

Ela virou a cabeça devagar e viu um homem parado ao lado da cama. Cabelos escuros, curtos, um sorriso leve no rosto. Os olhos dele, amarelados, mas gentis, a observavam com cuidado.

— Quem... — A voz de Jully saiu fraca. — Quem é você?

— Meu nome é Bertil. — Ele respondeu, se aproximando um pouco. — Sou do clã das raposas. Você tá segura, tá bom?

Ela piscou algumas vezes, tentando entender.

— Raposas...?

— É. — Ele deu um meio sorriso. — Eu e minha irmã te trouxemos pra cá, seus amigos também vieram, até o grandão.

Jully engoliu seco, olhando em volta, tud era muito bem organizado e os cobertores eram muito macios, não parecia ser perigoso, mas, ainda assim, seu coração gelou ao se ver sozinha.

— A Cecile... — murmurou, com medo da resposta.

— Tá bem. — Bertil respondeu rápido. — Saiu pra comer alguma coisa, ela ficou aqui por dois dias direto.

Jully fechou os olhos, sentindo as lágrimas arderem. A garganta apertou.

— Eu achei que não ia acordar...

— Eu também achei. — Ele respondeu com sinceridade. — Mas você é mais forte do que parece.

Ela virou o rosto, observando-o de relance, e foi aí que sentiu, o cheiro, o calor que começou a queimar dentro do peito, o mesmo calor que só existia quando o destino decidia algo que nenhum dos dois podia evitar.

O coração dela disparou.

Não... não pode ser.

O olhar de Jully desceu para as mãos tremendo em cima do lençol, a voz saiu num sussurro, quase inaudível:

— Você... — ela hesitou — ...é meu companheiro.

Bertil a ouviu, mesmo com o tom baixo. Parou no mesmo instante, os olhos se fixaram nela, mas ele não disse nada.

Jully virou o rosto, as lágrimas rolando.

— Você pode me rejeitar, eu entendo. Ninguém quer... uma loba quebrada. — A voz dela falhou. — Eu não consigo nem me transformar...

Ele respirou fundo, se aproximando até sentar ao lado dela. A mão dele repousou sobre a dela, quente, firme.

— Olha pra mim. — disse, baixinho.

Ela hesitou, mas obedeceu.

— Eu sou uma raposa. — Ele falou devagar, os olhos fixos nos dela. — Você é uma loba. Isso já seria o suficiente pra qualquer um duvidar do que sente, mas não eu.

Jully mordeu o lábio, tentando conter o choro.

— Se você me aceitar... — continuou ele — ...eu passo a vida inteira colando seus pedaços. Um por um, e juro que vou fazer isso com amor, até o último deles.

Ela soltou um soluço.

— Por quê?

— Eu não entendo muito desse negócio de vínculo — começou, o olhar baixo. — Nem sei se algum dia vou entender. Tem tanta coisa acontecendo… Tem a Lua, o Caleb, todo mundo correndo perigo. Sei que amanhã tudo pode mudar de novo, que a gente pode acordar num lugar diferente, sem nem saber se vai sobreviver ou voltar pra casa... — Ele ergueu o olhar, sério, o azul dos olhos mais intenso. — Só sei que, se tudo acabar amanhã, eu preciso que você tenha me escutado

Amber ficou em silêncio, sentindo o coração bater forte, e Tailon continuou:

— Mesmo que o destino diga outra coisa, mesmo que minha alma não tenha sido feita pra sua, eu quero você. Só você. Do meu lado, agora, amanhã, do jeito que for. Não quero ficar esperando a vida decidir por mim, não quero mais perder tempo.

Ela sorriu, com os olhos já cheios d’água.

— Isso foi uma declaração, Tailon?

Ele deu de ombros, corando um pouco.

— Foi. E eu devia ter dito antes, mas... foi tudo tão rápido, né? A gente fugindo, lutando pra sobreviver… Só agora percebi que não dá pra esperar o momento certo.

Amber deu um passo à frente, colando o corpo no dele, o rosto erguido.

— Então… se esse é o momento, eu também não quero esperar.

O beijo veio natural, leve no começo, depois mais urgente, cheio do que os dois vinham segurando há dias, semanas, talvez desde sempre. Ele segurou a cintura dela, puxando devagar, como se quisesse garantir que era real. Amber retribuiu, os dedos se enroscando na camisa dele, o mundo ficando pequeno ao redor dos dois.

Quando se separaram, Tailon ainda a mantinha perto, a testa encostada na dela.

— Isso quer dizer que eu posso dizer que você é minha namorada?

Amber sorriu, fungando, as bochechas coradas.

— É… Eu acho que sim.

Ele riu e, por um instante, tudo o que era ruim ficou lá fora, longe deles.

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