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Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 146

O som das rodas na terra fofa quebrou o silêncio da manhã na Lua Sangrenta. Dois lobos montavam guarda na entrada do território quando reconheceram a caminhonete velha que avançava pela trilha. Tommy saltou antes mesmo que o veículo parasse.

Estava suado, ofegante, com o olhar em chamas.

— Onde ela está? — gritou. — Onde está a minha filha?

River desceu os degraus da casa principal às pressas, Lyra logo atrás. Solomon e Petra vieram da área dos curandeiros, o cheiro de remédio ainda impregnado neles, finalmente depois de todo o caos, os mensageiros conseguiram chegar a Ventos Sombrios e seu atual alfa agora já sabia de tudo.

— Tommy... calma — River começou, mas o outro já se aproximava, os punhos cerrados.

— Não me manda ter calma, River! Eu deixei Amber aqui porque achei que ela estaria segura! Porque pensei que seria um bom lugar para ela esquecer tudo o que aconteceu com ela nos últimos tempos! — gritou, o peito subindo e descendo rápido. — Agora recebo mensageiros dizendo que Atlas está no território e que a minha filha sumiu?!

Lyra deu um passo à frente.

— Ela não sumiu, fugiu.

— O quê? — Tommy a encarou, incrédulo.

— Amber fugiu com Lua, Tailon e Caleb — explicou Lyra, a voz controlada. — Eles acharam que aqui não seria seguro. Eu vi Caleb... ele está bem, ele está com elas e com Tailon, protegendo-as.

Tommy deu uma risada curta e nervosa.

— Protegendo? Você tá me dizendo que minha filha fugiu com o monstro que matou minha esposa? Está tentando me convencer que isso era o mais seguro pra Amber?

Lyra respirou fundo e se aproximou, estendendo a mão. Assim que seus dedos tocaram o braço dele, seu dom fez efeito, o corpo dele relaxou, a respiração ficou menos pesada.

— Caleb não é o que você pensa, Tommy. Eu vi, ele não é só a fera,está voltando a ser ele mesmo.

Tommy fechou os olhos, tentando conter a raiva.

— E se você estiver errada?

— Então, eu assumo o risco. — Lyra sustentou o olhar. — Vai poder me culpar por qualquer coisa que acontecer.

O silêncio pairou por um instante, até que o som de passos e vozes preencheu o pátio.

Lobos de fora do território chegavam aos montes. Alcateias vizinhas, mensageiros, curandeiros e, no meio deles, um grupo que chamou a atenção de todos.

Eram apenas mulheres, fortes, altas, algumas com o cabelo trançado, outras com tatuagens que subiam pelos braços. À frente, uma mulher de expressão intensa e olhar afiado: Haelena. A alfa da alcateia que vivia na parte congelada ao oeste dali uma alcateia extremamente distante e isolada, ao lado dela, uma loba ruiva de semblante tranquilo, Ignis, sua companheira.

Haelena caminhou até River e o cumprimentou com um aperto de mão firme.

— Soubemos do que andaram enfrentando. — A voz dela era grossa, mas calma. — Trouxe minhas lobas, viemos ajudar. Quando lutaram contra os anciãos não consegui prestar meu apoio, minha companheira estava dando a luz a nosso bebe, mas agora posso ajudar.

Ignis, com um sorriso suave, completou:

— Não deixamos ninguém enfrentar um perigo como esse sozinhos.

River assentiu, grato.

— É bom ter vocês conosco.

Mais tarde, quando o sol já se escondia, uma assembleia foi montada no salão principal. O ar estava carregado, e os lobos se espalhavam pelo espaço, alguns sentados no chão, outros encostados nas paredes.

Andrel, um alfa antigo, levantou-se e limpou a garganta.

— Todos aqui sabem que o problema é Atlas — começou, a voz alta. — E que ele só quer uma coisa: a oráculo. Se entregarmos ela, ele vai embora, acabam os ataques.

O burburinho começou, vozes se misturando. Haelena levantou antes que alguém dissesse mais.

— Você tá sugerindo que a gente entregue uma das nossas? — perguntou, a voz cortante. — Uma garota que mal se tornou uma adulta, pra mim ela ainda é apenas uma menina… Quer que entreguemos uma menina porque estão com medo? Porque se for isso, pode sair daqui agora, Andrel. Nesta casa não tem espaço para traidores e tenho certeza que o supremo concorda comigo.

— Atlas já passou pelo nosso território uma vez, tentou tomar os alpes. — A voz dela falhou. — Ele levou nossa primeira filha, isso faz muito, muito tempo mesmo.

Lyra arregalou os olhos, surpresa.

— Sua filha...?

Ignis assentiu.

— O nome dela era Cecile.

As três ficaram em silêncio por alguns minutos, então Lyra apoiou a mão no ombro da outra Luna e apertou de leve, como quem tenta passar força.

— Não posso te dar a certeza de que sua filha está viva, eu queria poder… Mas se ela ainda estiver lá, vamos resgatá-la, e se ela não estiver, vamos vingá-la!

***

Do outro lado da floresta, na toca das raposas, nos cânions, a noite estava tranquila. Lua, Caleb, Amber e Tailon jantavam com os outros, o ar leve pela primeira vez em dias. As risadas ecoavam entre as paredes de pedra, o cheiro de comida fresca se espalhava. Ali, não sentiam como se a morte estivesse batendo a porta na forma de um alfa louco, ao menos não o tempo todo.

Lua se levantou pra pegar mais um pouco de comida numa mesa do fundo, estava tranquila em muito tempo se sentia segura, ao menos um pouquinho. Então, parou no meio do caminho, seu corpo ficou rígido, os olhos viraram pro alto e ela caiu de joelhos.

— Lua! — Amber gritou, correndo.

Mas Renee levantou num pulo, a voz alta e firme ecoando no salão:

— Ninguém toca nela!

Todos congelaram.

— Ela está tendo uma visão. — A anciã se ajoelhou ao lado da loba-oráculo, os olhos fixos nela. — A Deusa Lua está falando com ela, não devemos interromper!

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