O som metálico dos martelos ecoava por toda a clareira, enquanto a Lua Sangrenta fervia em movimento, onde havia lobos reforçando barricadas, empilhando sacos de areia, verificando munições e equipamentos de comunicação e o cheiro de graxa e terra molhada tomava o ar.
Lua e Caleb estavam sentados em um banco de madeira, um pouco afastados do tumulto, de frente para os jardins que cercavam a casa principal, observando o céu pesado, cinzento, prestes a desabar em chuva, e o vento trazia o farfalhar das bandeiras da alcateia, que tremulavam com força.
Caleb observava tudo em silêncio, os olhos fixos nos guerreiros que passavam apressados e as mãos dele estavam entrelaçadas às de Lua, mas o aperto era tenso.
— Tá tudo mudando rápido demais — ele murmurou, sem olhar pra ela.
Lua virou o rosto, estudando o perfil dele.
— Eu sei.
Ele respirou fundo, o maxilar travado.
— Eu tenho medo, Lua.
Ela o encarou, surpresa.
— Medo?
— É. — Ele soltou o ar devagar. — Medo de não conseguir te proteger.
A voz dele saiu rouca, sincera, carregada de peso.
— Desde que consegui voltar para a forma humana, eu não me transformo de novo. — Ele olhou para as próprias mãos, as veias marcadas sob a pele. — Toda vez que tento, é como se meu corpo travasse. Como se meu lobo tivesse medo de sair... ou eu tivesse medo que ele saia...
Lua ficou em silêncio por um instante, observando o olhar dele. Caleb sempre tinha sido o mais forte, o mais imponente, mas naquele momento, parecia apenas humano, um homem com medo de falhar.
Ela aproximou dele devagar, encostando o ombro no dele. — Você vai fazer o seu melhor.
— E se não for o suficiente? — Ele perguntou, olhando-a pela primeira vez. — E se eu... perder o controle de novo?
Lua apertou a mão dele, firme.
— Então Vamos dar um jeito. — Sorriu de leve. — Como sempre fizemos.
Ele ficou olhando pra ela por alguns segundos, e o olhar tenso dele se suavizou.
— Você fala como se não tivesse medo de nada.
— Eu tenho — ela respondeu, sincera. — Mas o medo não muda o que a gente precisa fazer.
Por um instante, o mundo pareceu parar e só os dois ali, sentados no meio de um caos que crescia a cada minuto. Caleb inclinou o corpo devagar, os olhos fixos nela, o beijo começou leve, hesitante, mas logo ficou mais firme, um toque rápido, desesperado, carregado de tudo o que não conseguiam dizer em voz alta.
Quando se afastaram, ainda se olhavam em silêncio.
— Promete que volta pra mim? — Lua sussurrou.
— Só se você prometer o mesmo.
Ela assentiu, e os dois sorriram, mesmo que o medo ainda estivesse ali, quieto, entre um respiro e outro.
***
Dentro da casa principal, River estava uma tempestade prestes a explodir. Os soldados iam e vinham em fila, trazendo relatórios, relatando movimentações no território ao norte, mas nenhum deles tinha coragem de olhar diretamente para o alfa, que andava de um lado para o outro, os olhos dourados faiscando, a respiração pesada, a fúria e o desespero eram tão fortes que pareciam vibrar no ar.
— Quero todos os acessos bloqueados. — A voz dele soava rouca, mas firme. — Tripliquem as patrulhas na mata e reforcem o muro leste.
Um soldado anotava as ordens, tremendo.
— Sim, Alfa.
— E tragam drones pro perímetro norte. Se Atlas tentar entrar por lá, quero saber antes mesmo de ele pisar no chão.
— Sim, Alfa!
I supremo parou diante da janela, olhando para o horizonte. O vínculo com Lyra estava mais fraco a cada hora, e sentia pequenos lampejos, uma dor súbita, uma emoção fugaz, mas era como tentar agarrar fumaça, e isso o estava matando por dentro.
— Alfa... — Solomon tentou intervir. — Você precisa descansar um pouco, não dormiu desde ontem.
— Eu descanso quando ela voltar — River respondeu, sem virar o rosto.



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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...