Dois dias haviam se passado desde a batalha.
Dois dias desde que o eclipse rasgou o céu e levou com ele o do Supremo.
A lua voltara a brilhar, mas dentro da alcateia, tudo ainda era sombra e medo, muito medo.
A enfermaria cheirava a sangue e ervas queimadas. Panos brancos, agora manchados, pendiam como fantasmas entre as divisórias de madeira. Os curativos amarelavam rápido demais, e o silêncio ali dentro era quase uma prece. Haviam perdido membros não só da alcateia deles, mas também dos aliados mas os sobreviventes estavam se recuperando bem e rápido.
Lua estava sentada na mesma cadeira havia horas, talvez dias, o tempo já não obedecia. O rosto pálido, os olhos fundos, o cabelo caindo em fios sobre os ombros, amarrados meio tortos e de mal jeito num rabo de cavalo baixo.
Caleb permanecia deitado na maca diante dela, o peito subindo e descendo num ritmo instável. As ataduras cobriam o torso, o pescoço e partes dos braços ele se curava devagar demais para um lobo. Parecia dormir, mas o sono dele parecia agitado e ele sempre chamava o nome dela, como se revivesse o tempo inteiro a noite da luta quando achou que sua companheira havia se entregado por ele.
Ela não saíra de perto um segundo sequer, não comeu direito, não dormiu, e cada vez que a enfermeira vinha checar como ele estava, ela tinha medo que fosse a ultima vez que ele piorasse em vez de melhorar.
A mão dela permanecia sobre a dele, como se pudesse, com o toque, convencê-lo a ficar.
— Você prometeu que ia voltar pra mim… — murmurou, voz trêmula. — Então volta, Caleb.
O silêncio respondeu.
O barulho da porta se abrindo quebrou o ar, Amber entrou devagar, segurando uma tigela com pano úmido e um olhar preocupado.
— Você ainda aqui — disse, forçando um sorriso cansado. — Não que eu esperasse outra coisa.
Lua levantou os olhos, exausta.
— Não consigo… — respirou fundo. — Sinto que, se eu sair daqui, parece que ele vai parar de respirar.
Amber pousou a tigela sobre a mesa e se aproximou, ajeitando uma mecha do cabelo da amiga.
— Ele vai viver — disse, num tom que tentava ser firme. — Os médicos e curandeiros disseram que o corpo dele reagiu bem hoje.
Lua balançou a cabeça devagar.
— E o espírito dele?
Amber hesitou.
— Ele ainda está preso no que aconteceu… mas vai voltar. Uma hora vai perceber que você está aqui.


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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...