Do lado de fora, a manhã era fria e cinza. A neblina vinha do lago e cobria as copas das árvores, escondendo as montanhas ao longe. O som da cachoeira era o único ruído constante, como se fosse uma melodia, igual à que Lyra lembrava de ouvir quando era mais jovem, quando ainda estava tentando confiar no home que hoje era sua vida seu amor.
Ela caminhou devagar até a beira da água, a barra da calça jeans arrastando na grama, sujando de terra. Os cabelos estavam soltos, o rosto sem expressão, tinha passado a noite acordada, observando o céu, tentando encontrar um sinal, um presságio, qualquer coisa que dissesse que River ainda existia.
Mas tudo o que encontrou foi silêncio.
O lago era o mesmo de antes.
O mesmo em que ela e River vinham quando ainda não tinham Lua, quando o maior problema deles era um bando de velhos que odiavam River e o queriam morto… Quem imaginaria que haveria um problema maior que aquele?
Lembrava-se dele rindo, com os pés na água, o sorriso de canto e os olhos acesos.
Foi ali que prometeram se encontrar, não importava o que acontecesse, foi ali que ela se apaixonou pelo homem que agora estava preso como um bicho.
Lyra se ajoelhou na margem, as mãos trêmulas tocando a superfície gelada. A água devolveu o reflexo dela, pálido, exausto, quebrado.
— Você sempre odiou me ver chorar — murmurou, e as lágrimas vieram de qualquer forma, grossas, junto a soluços que jogavam para fora uma dor que ela estava cansada de esconder.
Fechou os olhos. O som da água se confundia com o das lembranças.
— Me ouve… — pediu, baixo. — River, se ainda está aí… se consegue me escutar… responde… Por favor, meu amor…
O vínculo entre eles era uma corda invisível, amarrada na alma. Um laço que nem o tempo, nem a morte deviam cortar. Ela fechou os punhos sobre o peito, tentando senti-lo.
Um lampejo. Uma dor cortante atravessou o corpo dela e Lyra arfou, as costas se arqueando.
O coração dela reagiu antes da mente entender. Dor. Tanta dor.
Mas não era dela. Era dele.
Imagens turvas cruzaram a mente dela, correntes, fumaça, o cheiro de prata quebrando a carne. Ela viu soldados rindo jogando ossos contra o enorme Lycan, viu Atlas de braços abertos o sorriso vitorioso, gritando que o supremo agora era seu cão, fazendo River sentar rolar, como um cachorrinho adestrado, e seu coração se partiu em mil pedaços quando ele onedeceu sem pestanejar.
“Digam que agora o supremo é o cãozinho do rei!”
“Vamos ver se ele sabe obedecer!”
E uma presença enorme, sufocante, vinda de dentro daquele caos, com uma fúria que parecia fazer Lyra e todo seu amor parecerem pequenos demais.
“River!” gritou, na mente e com a voz. “Me escuta! Sou eu! Amor, por favor! Esse não é você! Você não pertence a ele!”
Nada.
A resposta veio como um soco de vazio.


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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...