O som dos passos na terra seca era abafado pela densidade do ar. A floresta naquela parte da terra de ninguém parecia mais silenciosa do que o normal, as folhas mal se mexiam, como se o próprio vento tivesse medo de atravessar os galhos retorcidos. A estrada principal estava longe, os sons dos humanos sequer chegavam ali, a mata era pura aquele era o mundo dos lobos, e de muitas coisas mais.
— Estamos longe da cidade, mas as montanhas estão logo ali… É o território dos caçadores — disse Lyra, parando bruscamente ao farejar o vento. — Não gosto disso.
River, que caminhava alguns passos atrás, ergueu o olhar, observando as árvores ao redor, até os animais estavam em silêncio. Os pelos da nuca do supremo se ergueram, denunciando o perigo.
— É só por hoje — respondeu ele, com a voz baixa. — Amanhã podemos subir para o norte e evitar esse território. O outro caminho estava tomado por renegados, lembra?
E realmente estava. Mais cedo, precisaram desviar do caminho para não serem atacados por um grupo grande de renegados, e isso os levou até ali, o território que Lyra mais queria evitar.
A omega olhou para ele com expressão tensa. Seu rosto, marcado pela exaustão dos últimos dias, ainda mantinha aquele ar altivo e desconfiado que River começava a conhecer bem demais.
— Mesmo assim — ela rebateu — aqui é território de caçadores. Não sei se ainda estão na ativa, mas é arriscado demais somos só nós dois, não gosto de subestimar o perigo, não sou tão forte pra me dar ao luxo de fazer isso.
— Não estou subestimando o perigo — River disse, parando ao lado dela. — Mas agora você não está sozinha, vou te proteger.
Ela virou o rosto bruscamente, franzindo o cenho.
— Quando foi que pedi sua proteção?
— Só estou tentando ajudar — disse ele, num tom calmo. — Nós estamos juntos nisso.
— Não estamos — rebateu, dura. — Temos um acordo, só isso, você me ajuda a me vingar, e depois cada um segue seu caminho. Não me confunda com alguma fêmea indefesa esperando por um herói.
River ficou em silêncio por um momento, encarando-a com um leve sorriso no canto dos lábios. Já estava acostumado as alfinetadas dela.
— Tudo bem. Você não precisa de um herói, já entendi — respondeu, tranquilo. — Mas isso não muda o fato de que eu gosto de andar ao seu lado. Mesmo quando você tenta me afastar com todas as forças.
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