O som seco do tiro explodiu no ar e algo atingiu Lyra no ombro, a força do impacto a jogando levemente para trás, o ardor da bala de prata fazendo a omega gritar enquanto caia no chão.
— Lyra! — River correu até ela, mas antes que pudesse tocá-la, outro tiro o atingiu na altura das costelas.
Seu corpo deu um solavanco, mas ele não caiu. Outro disparo, e outro. River cambaleou, os músculos contraídos, o peito arfando, mas seus olhos... seus olhos se tornaram sangue puro. Ele usava seu corpo para proteger Lyra dos disparos, o cheiro das balas de prata queimava no ar e, a essa altura, a chuva já começava a cair.
— P-precisamos fugir... — sussurrou Lyra, os lábios tremendo de frio enquanto encarava River com os olhos arregalados.
Ele a olhou por um breve segundo e ver seu ombro ferido, o sangue escorrendo e a dor nos olhos dela pareceu quebrar todo controle que ele havia acumulado durante aqueles primeiros dias de despertar. Todo o controle que River vinha mantendo, todo o esforço para se conter, desmoronou como uma barragem diante de uma enchente.
Os olhos vermelhos brilharam com fúria. E então ele se virou.
Do outro lado da trilha, em meio à penumbra, um grupo de cinco jovens caçadores se escondia atrás de arbustos e pedras. Mal passavam dos vinte anos, o que estava mais à frente, magro e de mãos trêmulas, apontava a arma diretamente para River.
Foi a última coisa que aquele garoto viu.
Com um rugido aterrador, River se transformou.
A pele humana se rasgou como papel. Ossos estalaram, expandindo, mudando de forma. Os músculos cresceram, a coluna se curvou, as mãos se alongaram e se tornaram garras. Em segundos, uma criatura monstruosa ergueu-se diante dos caçadores: um lycan.
Mas não um qualquer.
Ele era imenso.
Pelo negro como a própria noite cobria seu corpo musculoso, e seus olhos, dois círculos rubros em brasa, queimavam de pura selvageria. Os dentes eram longos e afiados, expostos numa mandíbula poderosa. Nenhum humano havia visto algo como ele, nenhum lobo comum também.
River não uivava como os outros.
Ele rugia.
Pela primeira vez em sete seculos, o Alfa supremo estava sendo visto e ele seria a ultima coisa que aqueles caçadores veriam na vida.
Então, atacou.
Avançou com uma velocidade impossível para algo de seu tamanho. O primeiro caçador tentou atirar, mas a arma voou de suas mãos quando River o agarrou e o lançou contra uma árvore com tanta força que o estalo de seus ossos quebrou o silêncio da noite.
Os outros correram, mas era tarde demais.
Ele os caçou como se fosse um jogo, como se cada movimento seu tivesse sido planejado por instinto puro. Um após o outro, foram tombando. Cabeças foram arrancadas de seus pescoços alguns foram desmembrados, gritos cortaram a floresta, misturados ao som das patas poderosas rasgando o solo, ao cheiro de sangue e pólvora.
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