O eco do grito de Renee, que até segundos atrás todos acreditavam ser Lua, se espalhava pelos corredores de pedra como um canto profano, atravessando o chão, as tochas, o ar sufocado pela fumaça das lamparinas.
Atlas ainda a segurava, os dentes cravados no pescoço delicado, o sangue escorrendo pela boca dele. A plateia de lobos aplaudia, extasiada, sem perceber o que realmente acontecia, o ritual completo, a cerimônia da marca, a promessa de uma união forjada à força.
Mas algo quebrou.
Literalmente.
O som veio como vidro estilhaçando no ar. Uma onda de energia explodiu do corpo de Renee, empurrando o próprio Atlas para trás. Ele tropeçou, cambaleando, a mão indo direto ao colar verde preso no peito, o objeto vibrou, pulsando com uma luz irregular, como se algo tivesse se partido dentro dele.
Os símbolos no chão começaram a brilhar, prata viva correndo em direção às bordas do círculo. A magia que sustentava o glamour começou a morrer.
Renee caiu de joelhos, ofegante, o corpo estremecendo. O feitiço que escondia sua verdadeira forma cedeu, o cabelo prateado escureceu, tornando-se o tom alaranjado de uma raposa, a pele ganhou mais cor, o rosto jovem ganhou algumas linhas a mais e apesar dos olhos continuarem lilases, eles eram olhos de raposa, todos podiam ver.
Um murmúrio coletivo tomou o salão.
Atlas, ofegante, olhava para ela sem acreditar.
— O que… — ele começou, a voz rouca. — O que é isso?
O ancião, ainda ajoelhado perto do altar, empalideceu.
— Meu rei… — murmurou, trêmulo. — Essa… essa não é a loba oráculo.
Atlas piscou, sem entender de imediato, a luz do colar oscilava.
— Como é que é? — rosnou, a voz crescendo até virar um rugido.
O ancião se levantou, tropeçando.
— Essa maldita estava usando magia! — apontou com os dedos manchados de sangue. — Nem sequer é uma loba! É… é uma raposa!
O salão inteiro pareceu encolher, os lobos começaram a se entreolhar, confusos, murmurando. Atlas deu um passo à frente, o olhar fixo em Renee, a respiração dele cada vez mais pesada.
— Uma… raposa? — ele repetiu, baixo, o tom mais perigoso do que um rugido.
Ele a olhou como se visse o próprio diabo diante de si.
Renee levantou o rosto, o sangue escorrendo pelo pescoço, os olhos lilases ardendo com um brilho desafiador. Mesmo acorrentada, mesmo ferida, ela sorriu.


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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...