O calabouço cheirava a ferrugem e mofo. As paredes de pedra suavam umidade, e o som da água pingando do teto era o único ritmo constante naquele inferno. A luz das tochas vacilava, lançando sombras que dançavam nas grades enferrujadas.
Atlas estava ali, e a raiva que exalava dele era quase palpável.
Renee estava jogada contra a parede, os pulsos presos por correntes que deixavam marcas em sua pele, a mordida no pescoço ainda sangrava, o vestido rasgado, a pele coberta de hematomas. Mesmo assim, ela o olhava com o mesmo sorriso desafiador de antes.
Aquele sorriso era uma ofensa, e Atlas não suportava ofensas.
— Você vai falar — rosnou ele, aproximando-se. — Vai me dizer o que fizeram com a oráculo, e onde ela está.
Renee riu, cuspindo sangue no chão.
— Falar o quê? Que você perdeu? Todo mundo já sabe.
Atlas avançou, o tapa veio rápido, o estalo ecoando. Ela caiu para o lado, a corrente arrastando pelo chão enquanto a dor tomava sua bochecha.
— Vai me provocar, é isso? — ele perguntou, ofegante, as veias negras subindo pelo pescoço. — Eu posso te matar agora, raposa.
Ela ergueu o rosto, os olhos brilhando no escuro.
— Pode tentar, mas vai doer, você sabe.
Ele franziu o cenho, confuso por um segundo.
— O quê?
Renee sorriu, fraca, mas vitoriosa.
— A ligação, idiota. — sussurrou. — Você me marcou, agora somos companheiros. Tudo o que você fizer comigo, vai sentir também.
Atlas hesitou, por um instante apenas, depois riu. Um som baixo, rouco, perturbado.
— Eu não tenho medo de sentir dor. — disse. — Acha que isso me assusta, raposa?
E a agarrou pelo pescoço.
As correntes se esticaram quando ele a levantou, os pés dela flutuando acima do chão.
Renee tentou respirar, mas o ar não vinha, os dedos dele apertavam mais e mais, e Renee ficava cada vez mais perto da inconsciência, e então, como se alguém tivesse cravado uma adaga em seu peito, Atlas gritou.
O som foi bruto, inesperado, ele cambaleou para trás, soltando-a.
Renee caiu, tossindo, as mãos no pescoço, e o rei das montanhas levou as mãos a garganta sentindo a mesma dor que ela, a mesma falta de ar, mesmo que ele não tivesse sido tocado. O vínculo devolvia tudo, a pressão, o sufoco, o sangue latejando.


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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...