Na Lua Sangrenta, o amanhecer trouxe cheiro de ervas e chuva. A alcateia estava mais organizada, alguns feridos já haviam se recuperado e o resto ia muito bem com os cuidados dos médicos e curandeiros. O hospital de campanha ainda estava cheio, mas havia uma esperança diferente no ar, tênue, cansada, mas viva.
Lua estava sentada ao lado da cama de Caleb, as mãos entrelaçadas nas dele. Os dedos dela acariciavam o dorso da mão dele, traçando as veias, como se o simples toque fosse capaz de trazê-lo de volta. Não sabiam quando ele ia acordar, mas seu corpo estava recuperado, a maioria das feridas já haviam cicatrizadas e apenas o local onde o supremo havia mordido, na garganta, estava ainda ferido.
Então, ele começou a se mover, um gemido baixo escapou de seus lábios rachados e Lua levantou o rosto na hora, o coração disparando.
— Caleb… — chamou, a voz trêmula.
Os olhos dele se abriram, devagar, a luz tremendo nas íris azuladas. Ele piscou, confuso, tentando entender onde estava. O rosto dela foi a primeira coisa que viu, os cabelos brancos, os olhos marejados, o sorriso contido entre o alívio e o medo.
— Lua… — murmurou, a voz rouca. — Eu… pensei que…
Ela não deixou ele terminar, se inclinou e o beijou, um beijo curto, mas desesperado, salgado pelas lágrimas.
— Eu tô aqui. — sussurrou, encostando a testa na dele. — Tá tudo bem.
Ele respirou fundo, tentando se mover, mas gemeu de dor.
— O que aconteceu? Onde… Atlas…? Eu vi ele… Vi ele te levar…
Lua apertou a mão dele.
— Atlas levou alguém. — disse, com cuidado. — Mas não fui eu.
Ele a olhou, confuso.
— Então… quem?
Lua respirou fundo, sentindo o peso da culpa no peito.
— Renee.
Caleb ficou em silêncio por um momento, o olhar perdido no teto, depois fechou os olhos, um suspiro pesado escapando de seus lábios.
— Ela se sacrificou…
— Sim. — respondeu Lua, a voz tremendo levemente. — Ela fingiu ser eu…
Caleb virou o rosto para o lado, os olhos tristes.
— Aquela raposa maluca… — murmurou. — Ela salvou a gente.
Lua assentiu, os olhos também marejando.
— E agora precisamos salvar ela.
***
Do lado de fora, o jardim da alcateia continuava a se recompor.
O som dos martelos e do ferro ecoava pelos muros, entre os canteiros arruinados, Bertil e Solaris conversavam, observando os jovens lobos treinando à distância.
— Isso ainda não acabou, quando ele descobrir… — disse Solaris, o tom firme. — Atlas não vai parar enquanto não destruir tudo o que restou.
Bertil cruzou os braços, o olhar fixo nas montanhas.
— Então não podemos esperar mais. — respondeu. — Vamos avisar as raposas.
Solaris o olhou, avaliando.
— As raposas não confiam em ninguém, Bertil, você sabe.
— Confiam na própria gente. — rebateu. — Renee deixou avisado que deveriam ajudar se algo desse errado, se contarmos que ela está nas mãos de Atlas, vão lutar.
Solaris pensou por um instante e assentiu.
— Você tem razão. Mas é arriscado pra nossa gente. nAcha que Renee ia querer isso? Todos podem morrer.
— Tudo é arriscado. — disse Bertil, seco. — A diferença é que isso pode salvar todo mundo. E, além disso, se não lutarem, não vamos acabar todos mortos de qualquer jeito? Com Atlas no poder, ninguém vai ficar seguro.
Solaris respirou fundo e assentiu.
— Você tem razão. Vai, mas fala com a Luna antes.
***
Bertil encontrou Lyra perto de um grupo de lobas que treinavam sob o comando de uma das guerreiras a Luna observava o treinamento com atenção, acompanhando cada movimento.


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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...