O calabouço estava mais frio naquela noite.
Mais úmido.
Mais degradante.
Como se as pedras tivessem absorvido toda a maldade de Atlas e agora a devolvessem em ondas, junto ao cheiro de sangue velho e prata queimando a pele.
Renee estava jogada no chão, a respiração curta, o corpo curvado sobre si mesma. O sangue escorria pela boca, gotejava em silêncio no piso de pedra. As correntes puxavam seus pulsos cada vez que ela tremia.
Ela não queria chorar, não queria dar a ele esse prazer, mas as lágrimas caíam assim mesmo, silenciosas, quentes, salgadas, um fio teimoso manchando a sujeira que cobria suas bochechas.
Atlas estava diante dela.
Respirava como um animal ferido, suava, pálido, com as veias escuras subindo pelo pescoço como raízes de podridão, cada vez maiores.
A cada golpe que ele dava nela, o corpo dele reagia, devolvendo a mesma dor, a mesma queimadura, a mesma agonia.
Mas ele continuava.
Porque a dor era preferível à verdade.
Ele havia sido enganado.
Manipulado.
Ridicularizado.
E agora precisava provar para si mesmo, e para sua alcatéia, que ainda tinha controle.
— Você achou que podia me vencer… — Atlas murmurou, a voz rouca enquanto chutava o estômago dela mais uma vez. — Achou que podia brincar comigo. Comigo?!
A pontada veio imediatamente, ele caiu de lado por um segundo, apoiado na parede, a mão apertando o próprio abdômen onde a dor reverberava como uma lâmina quente.
Renee cuspiu sangue no chão e ergueu a cabeça devagar, os olhos semicerrados.
— Não só achei... — sussurrou. — Como consegui, seu idiota.
Atlas grunhiu, os olhos ficando ainda mais vermelhos, como se estivessem prestes a explodir.
— Cala a boca.
Ele a puxou pelos cabelos, os fios ruivos se enroscaram em seus dedos, e ela soltou um gemido baixo, o corpo arqueando.
E então a dor voltou para ele, forte, lancinante, quase insuportável.
Ele cambaleou, mas se endireitou com pura teimosia, os dentes cerrados, o suor escorrendo pelo pescoço.
— Você acha — ele continuou, a voz rouca — que essa sua maldita coragem vai salvar alguém? Acha que porque ganhou um pouco de tempo, vai salvar a oráculo?
Renee respirava com dificuldade.
Mas ainda sorria. O sorriso dela era pequeno, quebrado, mas estava ali.
— Sim, não só acho — disse. — Tenho certeza que vai.
Atlas apertou o maxilar, os dedos começaram a tremer.
Ele ergueu Renee mais uma vez e a jogou contra a parede. O impacto ecoou pelo calabouço, fazendo poeira cair do teto.
E então veio o grito.
Não dela.

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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...