A comoção ainda dominava o pátio central quando Cecile finalmente conseguiu respirar entre os braços das mães. Ignis e Helena continuavam segurando ela como se tivessem medo de que, ao afrouxarem os dedos, a filha desaparecesse de novo. O reencontro parecia arrancar um peso do ar, um peso silencioso que pairou sobre as duas e sua alcateia durante anos.
Ignis afastou o rosto apenas o suficiente para enxugar as próprias lágrimas com o dorso da mão trêmula.
— Como… — ela tentou falar, mas a voz falhou. Respirou fundo de novo. — Como você chegou às raposas? Como… meu amor… como você sobreviveu tanto tempo longe de nós e nas mãos… Nas mãos daquele monstro?
Cecile engoliu em seco, olhando de uma mãe para a outra. Elas mereciam a verdade, a parte lembrada, a parte dolorosa, a parte que ela passou anos tentando enterrar. Mereciam saber que Atlas as havia arrastado até ali, que elas conseguiram escapar, mas que o sofrimento não estava apagado para sempre.
— Foi quando Atlas atacou a Lua Sangrenta pela primeira vez — começou, a voz baixa, firme apesar do brilho de lágrimas nos olhos. — Eu estava presa com Jully, eramos… Eramos as concubinas dele…
Sua voz saiu baixinha se lembrando de tudo o que Atlas as obrigava a fazer, de como ele era um monstro de como não se apiedar delas.
— Nós… encontramos uma brecha quando ele estava distraído aqui, quando a maioria dos soldados tinham vindo com ele, conseguimos fugir juntas durante o caos da batalha. Ele estava preocupado caçando o Supremo… e os soldados no acampamento não eram os mais atentos, todos achavam que nunca fugiriamos.
Helena colocou a mão no peito, como se tentasse segurar o coração no lugar.
Cecile continuou:
— Ficamos nos canyons, perdidas. Não sabíamos comer, não sabíamos para que lado ir… só sabíamos que não podíamos ser pegas. Foi então que vimos… um rapaz patrulhando sozinho, foi o Tailon quem ajudou a gente… ele foi quem nos achou.
Nesse momento, tres figuras surgiram de dentro da casa central: Amber e Tailon, acompanhados por Solomon logo atrás. Eles tinham escutado a última parte da conversa, e Tailon congelou ao ver Cecile virar o rosto para ele, quase sorrindo.
Jully correu até Amber e Tailon e os abraçou forte, como se fossem velhos amigos, e Amber a apertou de volta, emocionada.
— Foram eles, mamães… — Cecile começou, se aproximando. — Eles quem salvaram a gente.
Tailon ficou rígido de vergonha, as orelhas ficando levemente avermelhadas, mas tentou manter a postura firme.
— Eu só fiz o que qualquer um teria feito — murmurou ele.
Ignis e Helena se viraram imediatamente para o garoto, pegando suas mãos entre as delas.
— Você protegeu nossa filha quando não podíamos — Ignis disse, a voz embargada. — Isso não tem preço, Tailon. Nunca vamos conseguir agradecer o bastante.
Helena assentiu, carinhosa, enxugando o rosto.
— Teremos uma divida eterna com você, garoto.
Solomon, que observava a cena de braços cruzados com o ar mais orgulhoso do mundo, deu dois passos à frente e colocou a mão grande no ombro do filho.
— Eu disse que você era bom — sussurrou, num orgulho que fez o peito de Tailon inflar.
O jovem lobo sorriu pequeno, tímido, mas verdadeiro.


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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...