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Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 181

A água do lago estava tão quieta que refletia a lua como se fosse vidro. A queda d’água ao fundo criava um som suave, quase um sussurro, que acompanhava a respiração lenta de Lua enquanto ela permanecia deitada sobre o peito de Caleb. Os dois estavam enroscados um no outro, as pernas misturadas, os corpos ainda entrelaçados de uma forma que eles jamais imaginariam antes daquela noite. A grama ao redor estava amassada, ainda quente do calor deles, e o vento soprava leve, carregando o cheiro de terra molhada e liberdade.

Caleb passava os dedos devagar pelos fios brancos do cabelo da companheira, ainda encantado com cada detalhe dela, o jeito como os olhos prateados brilhavam mesmo na sombra, o modo como ela suspirava fundo quando relaxava, como se finalmente tivesse encontrado um lugar seguro no mundo. Lua estava com o rosto contra o coração dele, ouvindo as batidas, sentindo o calor, sentindo o vínculo recém-formado pulsar sob a pele, vivo, vibrante, como se seus espíritos tivessem enfim encontrado o ritmo perfeito juntos.

Por um longo tempo, eles não disseram nada. Só respiraram juntos, abraçados, as mãos entrelaçadas sobre o peito dele. Mas Lua não era boa em ignorar o que sentia, e com o peso da lua cheia refletindo no lago, a verdade simplesmente escapou.

— Eu tenho medo — murmurou, sem erguer o rosto. — Do que vai acontecer quando enfrentarmos Atlas pela última vez.

Caleb abriu os olhos devagar, a lua prateava tudo, deixando o rosto dela ainda mais delicado, ainda mais real. Ele deslizou a mão pelo braço dela, um carinho lento, para que ela soubesse que não estava sozinha.

— Eu sei — respondeu, a voz baixa, grave, firme. — Também tenho.

Lua apertou o peito dele com a mão.

— Eu sinto como se… — ela hesitou, a respiração falhando — … como se tudo estivesse se aproximando tão rápido. Como se cada passo fosse a beira de um precipício. Não sei se estou pronta… Antes de tudo isso, minha primeira visão foi com você me salvando de um precipício… Sempre achei que seria algo literal mas agora… Agora acho que o meu precipício é Atlas, e tenho medo de não conseguirmos lutar contra ele.

Caleb virou o rosto e encostou os lábios na testa dela.

— Lua… ninguém está pronto pra perder quem ama.

Ela fechou os olhos com força. O peso da guerra, da responsabilidade, de ser a oráculo, de ser filha do supremo… e agora companheira da grande fera tudo parecia demais para uma garota que mal tinha chegado a maior idade.

— Mas — ele continuou — mesmo se tudo acabar depois dessa guerra… eu morro feliz.

Lua ergueu o rosto rapidamente, como se tivesse levado um golpe.

— Não fala isso! — ela sussurrou, o lilas dos olhos se intensificando.

Caleb sorriu, um sorriso triste, mas cheio de amor.

— Eu falo porque é verdade. — Ele passou o polegar pela bochecha dela. — Porque eu te tenho. Porque me uni a você. Porque você é minha companheira. Minha alma. Minha metade. Eu nunca teria imaginado isso… não pra mim. Não tão cedo. Não tão forte.

Lua engoliu em seco, o coração batendo rápido.

— Eu não vou deixar você morrer. — Ela falou quase num rosnado, firme, decidido. — Ninguém vai morrer. Nem você. Nem eu. Nem meus pais. Nem ninguém. Eu prometo.

Caleb segurou o rosto dela com as duas mãos, aproximando-a até sentir a respiração dela tocar seus lábios.

— Então eu prometo com você — ele murmurou. — Vamos proteger todos. Custe o que custar.

Lua ergueu o rosto e o beijou, um beijo lento, profundo, cheio de sentimento. Não havia urgência ali, havia certeza, amor, futuro.

Eles ficaram assim, se beijando enquanto a noite avançava, até que Lua voltou a deitar no peito dele, olhando a lua refletida na água, o corpo quente do companheiro envolvendo o dela como um abrigo.

***

Lyra caminhava pela trilha silenciosa que levava ao lago, o mesmo lugar onde River a levou quando eram jovens, quando descobriram o vínculo, quando o amor deles começou. Ela ia ali sempre que precisava pensar, sempre que a dor apertava, sempre que queria sentir que ele ainda estava perto.

Mas antes de chegar à clareira, ela ouviu vozes. Vozes conhecidas.

A voz da filha e a voz de Caleb.

Lyra parou atrás das árvores, protegida pela sombra. O coração bateu mais rápido, não por medo, mas por surpresa. Ela não pretendia ouvir nada, mas as palavras vieram, claras, carregadas de emoção.

— Eu não vou deixar você morrer. — Ela falou quase num rosnado, firme, decidido. — Ninguém vai morrer. Nem você. Nem eu. Nem meus pais. Nem ninguém. Eu prometo.

— … vamos proteger todos… custe o que custar — Caleb disse.

Lyra sorriu. Um sorriso pequeno, quase dolorido, mas verdadeiro. Ela afastou um galho e viu os dois abraçados à beira do lago, tão juntos que pareciam um só corpo. A lua iluminava o rosto da filha e Lyra sentiu um orgulho tão profundo que apertou o peito.

Lua estava madura, forte, enfrentando o amor e a dor com uma bravura que Lyra só via em River. E era isso… era exatamente isso que machucava. Porque River deveria estar ali, ele deveria sorrir e dizer “ela é igual a você, minha Luna”.

Lyra levou a mão ao próprio coração, sentindo o peso do vínculo machucado, o silenciamento doloroso que a separava dele. A saudade veio como uma onda, quente, sufocante, cortante. Lyra não chorava com facilidade, não mais, mas lágrimas vieram mesmo assim, silenciosas, escorrendo pelo rosto sem que ela percebesse.

Capítulo 181: Calmaria antes da tempestade 1

Capítulo 181: Calmaria antes da tempestade 2

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