Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 182

O sol nasceu devagar naquela manhã, como se também hesitasse em iluminar o que estava por vir. Os primeiros raios pintaram o céu de laranja e dourado, mas dentro da alcateia, o amanhecer tinha gosto de incerteza e até de despedida.

Ninguém dormira direito, como conseguiriam? Estavam prestas a enfrentar a maior luta de suas vidas e seu maior aliado agora fazia parte do exercito oposto.

Lyra não havia fechado os olhos nem por um segundo.

Ela ficou a noite inteira percorrendo a alcateia em silêncio, tocando paredes, passando a mão pelas mesas, observando os jardins. Tudo parecia diferente, cada canto trazia memórias de River, de quando ele ria, de quando carregava Lua nos ombros, de quando os dois se mordiam só para provocar um ao outro. A dor apertava o peito dela como garras, mas Lyra não recuou, não naquela manhã, não agora.

A maior responsabilidade da guerra estava em suas costas guiar a todos em direção a vitória e, principalmente, trazer seu companheiro de volta, puxar River para o lado deles e superar a magia de Atlas sobre seu marido com seu poder.

Quando o sol finalmente rompeu o horizonte, ela estava parada diante dos portões, sozinha, o olhar distante, como se tentasse conversar com a própria lua que ainda brilhava fraca no céu. O vento brincava com seus cabelos loiros, trazendo aromas de terra molhada, ervas queimadas e da guerra inevitável.

Atrás dela, a alcateia começava a despertar.

Mas não era um despertar comum, era um despertar de soldados.

Guerreiros machucados saíam das casas carregando armas restauradas às pressas para os que não podiam se transformar. Mães entregavam amuletos aos filhos. Bruxas caminhavam entre os guerreiros murmurando encantamentos, preparando poções, carregando bolsas de couro. Raposas treinavam, acordando o corpo após muito tempo sem batalhar. E lobos que nunca estiveram no mesmo campo marchavam lado a lado.

Quando o relógio marcou dez horas, a Lua Sangrenta estava lotada.

As portas da casa principal foram abertas, revelando o grande salão onde as mesas estavam cobertas por pães frescos, sucos, bolos, carnes assadas e frutas cortadas. Mas ninguém foi ali para comer, todos sabiam, aquele café da manhã não era para alimentar o corpo.

Era para preparar a alma.

A sala ficou tão cheia que alguns se espremiam nas paredes. Lobos das alcateias aliadas, raposas dos canyons, bruxas da vila, caçadores independentes, velhos aliados de River… todos estavam ali. Unidos. Pela primeira vez.

Caleb e Lua estavam juntos entre os guerreiros jovens. Ela segurava a mão dele discretamente, como se aquela conexão recém-formada fosse sua nova armadura. Os olhos de Lua estavam cansados, mas brilhavam de determinação. Caleb mantinha o queixo erguido, apesar do corpo ainda dolorido, como se nada pudesse derrubá-lo agora, estava recuperado e pronto para lutar e, se fosse o destino, morrer ao lado de todos.

Lyra respirou fundo.

Subiu na mesa principal sem pedir silêncio, não precisou, o salão inteiro parou assim que a viram. Todos olharam para ela, a Luna prateada, a líder que havia emergido da dor, da rejeição e da perda. A mulher que carregava um exército nas costas e ainda assim mantinha as mãos firmes.

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