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Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 187

A guerra tinha um som próprio, um som que não pertencia a nenhum mundo vivo.

Era o som de ossos se partindo, de carne rasgando, de uivos estourando na garganta e se desfazendo em gritos. Era o baque surdo de corpos sendo arremessados contra rochas e árvores, o arranhar de garras. Era também o som das preces ditas apenas por dentro, dos “não me deixa morrer aqui” engolidos entre uma investida e outra.

A batalha era caos.

Caos absoluto.

A Lua Sangrenta e seus aliados estavam sendo empurrados para trás, passo a passo, mancha a mancha de sangue. Não era porque eram fracos, não eram, cada lobo ali tinha lutado antes, tinha sobrevivido a anciãos, à fome, à caça, à rejeição. Raposas eram rápidas, precisas, bruxas sabiam torcer o tecido da realidade até rachar. Mas a alcateia de Atlas era grande demais, desigual demais. Eles eram muitos, e lutavam com a fúria fanática de quem acreditava estar cumprindo um destino.

E acima deles, como um rei entediado assistindo a um espetáculo, Atlas observava.

O rei das montanhas não lutava, não precisava, estava em pé numa elevação de pedra à frente do castelo, a poucos metros da muralha interna, agora na forma humana, afinal, não precisava se envlver na batalha, ao redor, alguns soldados o protegiam, mas ele nem parecia notar. Os olhos cinzentos estavam fixos mais adiante, onde a verdadeira cena que o interessava acontecia.

Onde o supremo tentava matar a própria companheira.

Lyra sentia o peso da guerra como se fosse uma camada a mais de pele, grossa, pegajosa, difícil de carregar.

O cheiro de sangue dominava tudo, sangue de lobo, de raposa, de bruxa.

Ela corria, desviava, atacava, sentia músculos rasgarem e ossos protestarem. Sua forma de loba prateada, menor que a de um supremo, mas ainda assim imponente, cortava o campo com velocidade desesperada. Cada golpe que dava era calculado para escapar de seu companheiro, qu a perseguia com voracidade renovada a cada instante. Cada uivo seu era uma ordem, um pedido, uma súplica para que ninguém deixasse de lutar.

Mas, a cada minuto, ficava mais difícil.

Era como tentar segurar água nas mãos abertas.

Ela sentia seus aliados caírem. Sentia Helena cambalear, ferida, sentia Ignis lutar ao lado da filha reencontrada, sentia Solomon e Petra defendendo um ao outro, sentia Amber e Tailon recuando e avançando juntos, sentia Lua e Caleb, mais longe, como duas chamas teimosas se recusando a apagar.

Sentia tudo.

Mas, acima de tudo, sentia ele.

River.

O supremo.

Seu Alfa.

Seu companheiro.

O homem que tinha tremido nas mãos dela quando foram apenas dois jovens escondidos num lago, o monstro que se ajoelhou diante da filha quando ela nasceu, o lobo que assumiu o mundo inteiro sobre as costas por eles.

Agora, aquele mesmo lobo avançava contra ela com a intenção fria de quem obedece a uma ordem.

Os olhos dele não eram mais dele, não havia qualquer traço de reconhecimento, nada que lembrasse o olhar de River quando ria de algo bobo, quando a encarava na cama, quando via Lua pela primeira vez. O colar de Atlas brilhava ao longe, pulsando num tom esverdeado doente, e Lyra sentia o poder preso ali, engolindo o vínculo que deveria ser só deles.

Ela tentava alcançá-lo.

Capítulo 187: Resistindo 1

Capítulo 187: Resistindo 2

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