O som suave da chuva havia cessado, restando apenas o crepitar distante das brasas se apagando na fogueira improvisada. O calor ainda pairava na caverna, morno e confortável, mas a ausência ao seu lado fez Lyra abrir os olhos de repente. Seu braço tateou instintivamente o espaço onde antes estava o corpo de River.
Vazio.
Havia dormido ao lado dele, o abraçando tentando o aquecer, tentando garantir que ele não desapareceria a noite.
Lyra ergueu o tronco devagar, tentando não fazer barulho para não acordar Colin nem a irmã mais nova, que dormiam enroladas em peles do outro lado da caverna. A claridade pálida do amanhecer vazava pela fenda da entrada, e foi por ali que ela o viu.
River estava em pé, do lado de fora, de costas para ela. A luz azulada do céu banhava seu corpo nu até a cintura, o cabelo desgrenhado caindo sobre os ombros largos. As costas, marcadas por cicatrizes antigas, se moviam levemente a cada respiração profunda. Ele observava o céu como se o mundo ali em cima guardasse todas as respostas.
Lyra levantou-se sem fazer barulho, os pés descalços mal tocando o chão de pedra. Caminhou até a entrada da caverna, e quando atravessou a fenda, o vento frio da manhã arrepiou sua pele.
— Você está de pé — murmurou ela, mais para si do que para ele. — Deveria estar descansando.
River se virou devagar, os olhos encontrando os dela com suavidade. Havia um brilho novo ali, calmo, mas intenso. Ele sorriu de leve, um sorriso torto que nem parecia pertencer a alguém que quase morreu algumas horas atrás.
— Queria um pouco de ar adoro ver o nascer do sol. Depois de tanto tempo preso em uma caverna, acho que mereço, não é?
— River... — Ela o analisou de cima a baixo, os olhos arregalados. — Suas feridas... sumiram. Até as marcas da prata...
— Eu me curo rápido.
— Mas... tão rápido assim? — Ela se aproximou, tocando o ombro dele com cautela, como se ainda esperasse encontrar cicatrizes. — Ontem à noite você estava entre a vida e a morte.
River olhou para o horizonte mais uma vez, como se não quisesse dizer, mas ao mesmo tempo não pudesse mais esconder.
— Isso é normal... para o que eu sou.
— E o que você é, de verdade? Você nunca me explicou direito, sempre com meias palavras… — os olhos da loira estavam fixos em River, e Lyra mordeu o lábio com força. — O que você se tornou ontem a noite… Eu nunca vi algo assim.
Ele virou-se para a omega, a expressão mais séria agora. A brisa bagunçava os cabelos dela e fazia o cheiro delicioso de Lyra chegar até River de forma viciante.
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