Lyra manteve o olhar fixo no dele. Seu coração batia forte, mas sua expressão era séria. Os olhos brilhavam com algo que River não sabia decifrar, força, medo, desejo, dúvida... talvez tudo junto.
O supremo levantou uma das mãos devagar e a levou ao rosto dela, roçando os dedos com cuidado sobre sua bochecha. Lyra não se afastou, apenas o observava, o maxilar tenso, os lábios entreabertos.
— Não vou forçar você a nada — disse ele, a voz rouca e baixa. — Mas quero que saiba que, pra mim, seria uma honra poder ser seu companheiro. Não só por instinto ou por destino... mas porque eu quero. Porque eu escolho você e porque estou pronto, Lyra, pra amar você, pra cuidar de você, pra ser tudo o que você precisar... se me permitir.
A respiração dela falhou por um instante, mas não disse nada.
E também não se afastou.
A resposta não veio em palavras.
Veio no olhar intenso de Lyra, que se manteve preso ao dele, firme e trêmulo ao mesmo tempo. Havia uma tempestade dentro dela, e River viu isso. Podia sentir a duvida, o medo, e não a culpava. Não sabia o que havia acontecido com Lyra, não em detalhes mas podia imaginar, e isso só o fazia querer amá-la mais, cuidar dela, mostrar a ela o que um companheiro de verdade tinha que fazer.
Foi ele quem se aproximou, devagar, como se cada centímetro dado dependesse de uma permissão silenciosa. Quando sua boca tocou a dela, não houve hesitação.
O beijo veio com desejo e euforia.
Intenso. Quente. Profundo.
As mãos de River deslizaram para a cintura dela, puxando-a com urgência, como se a proximidade entre seus corpos fosse a única forma de conter o que sentia. Um gemido rouco escapou de sua garganta, e ele a ergueu, caminhando com ela e a pressionando contra a árvore atrás de si, como se quisesse gravar naquele momento tudo o que havia contido por tanto tempo.
Lyra correspondeu.
Seus dedos se agarraram à pele dos ombros dele, os lábios colados com desejo aos de River, deixando-se levar pela onda feroz que a arrastava. O calor da pele dele, o cheiro amadeirado, o gosto… tudo se misturava e dominava seus sentidos. Aquele era seu primeiro beijo, aquela era a primeira vez que um homem a tocava daquela forma, de uma forma apaixonada, quente, com cuidado…
Mas foi justamente isso que a quebrou.
Quando a respiração dele falhou, quando a mão deslizou pela lateral de seu corpo, subindo lentamente pela barra da camisa dela enquanto River pressionava seu corpo no dela, fazendo Lyra sentir o volume quente que se formava na calça dele.
Então o corpo dela gelou, seu coração acelerou, mas não de uma forma boa, e Lyra encolheu os ombros, o empurrando com mais força do que pretendia, mas ainda não era força o suficiente para fazê-lo se afastar.
— Espera… — sussurrou, a voz falha. — River... espera.
Ele recuou no mesmo instante, assim que percebeu e ouviu a voz de Lyra pedindo que ele parasse.
O olhar avermelhado se turvou de culpa, e os braços caíram ao lado do corpo, tensos.
— Me desculpa. — A voz dele era baixa, dolorosa. — Eu me empolguei. Eu... eu só… — River passou as mãos pelo rosto, respirando fundo. — A culpa é minha, não deveria ter feito isso assim… Sou um idiota, me desculpe…
Lyra ainda respirava com dificuldade, os olhos arregalados, mas não havia medo, era outra coisa, o passado gritando.
Ele percebeu.
E se obrigou a dar mais um passo para trás.
— Eu nunca vou ser como eles — disse, encarando-a. — Seja lá o que fizeram com você… eu juro, Lyra, eu nunca vou te machucar. Nunca. Nem com pressa, nem com toque. Eu só vou fazer o que você quiser, quando você quiser e do jeito que você quiser.
— Eu quero saber tudo — murmurou contra a pele dela. — Tudo o que fizeram com você, tudo o que te feriu, mas só quando você estiver pronta. Eu vou ouvir e eu vou estar aqui. Sempre.
Lyra não disse nada.
Mas pela primeira vez em muito tempo, não sentiu vontade de fugir.
Sentiu vontade de contar. De dividir o peso. De ser tocada com cuidado.
E com amor.
Quando os dois se afastaram, ainda havia um vínculo invisível entre eles. Um fio silencioso e resistente que se formava com cada olhar, com cada promessa sussurrada, com cada limite respeitado.
A floresta ao redor acordava devagar, os primeiros sons dos pássaros ecoando entre as árvores úmidas. A brisa carregava o cheiro do orvalho e da terra molhada e ali, no meio daquele bosque silencioso, duas almas partidas davam os primeiros passos para se reconstruírem.
Juntas.
River estendeu a mão.
Lyra hesitou.
Mas então, com um sorriso tímido, colocou seus dedos entre os dele.
E foi o suficiente.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...