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Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 20

A luz da manhã atravessava as cortinas pesadas do quarto alfa, mas não havia calor algum nela.

Camilla acordou com um gosto metálico na boca e uma sensação sufocante no peito. Seu corpo estava suado, a respiração curta. Quando tentou se sentar, uma dor aguda percorreu o lado esquerdo de seu pescoço, bem onde a marca de Kael ardia, pulsando como se estivesse viva.

Ela levou a mão ao local e sentiu algo quente.

Ao olhar os dedos, viu o sangue.

Mas não era vermelho.

Era negro.

Assustada, correu até o espelho.

O reflexo que a encarou quase a fez cair.

Seu nariz escorria sangue escuro, viscoso. Os cantos dos olhos também estavam manchados, e a marca da mordida… sangrava como se tivesse acabado de ser feita. Ao redor dela, veias escuras se espalhavam pela pele como raízes envenenadas, formando uma teia grotesca.

— O que… o que é isso?! — gritou, cambaleando para trás.

Faziam três dias desde o casamento e, a cada hora que se passava, ela se sentia mais cansada. A marca não estava curando, mas Camilla achou que era normal, achou que o cansaço era apenas isso, cansaço, afinal Kael queria um filho rápido e eles estavam “trabalhando” muito nisso.

Seu grito ecoou pela casa principal da alcateia, e em segundos, passos apressados soaram do lado de fora. Duas lobas abriram a porta bruscamente, entrando no quarto.

— Senhora? Está tudo bem?

— Saiam do meu quarto! — berrou Camilla, a voz rouca. — Saiam! AGORA!

As duas hesitaram, horrorizadas com a aparência da nova Luna, mas se afastaram de imediato ao ver o sangue negro.

— Chamem a anciã! — Camilla gritou mais uma vez. — Chamem aquela velha maldita!

As duas correram sem olhar para trás.

Camilla caiu de joelhos no chão frio do banheiro, ofegante, as mãos sujas de sangue escuro tremendo enquanto segurava a borda da pia.

Belia respirou fundo, a expressão séria, sabia que, como anciã, seria obrigada a suportar os rompantes da nova luna, mesmo que isso não a agradasse.

— Isso se chama Maldição da Marca Corrompida. — Ela a fitou nos olhos. — É raríssimo. Acontece quando o laço entre o alfa e sua companheira é formado à força, sem que a deusa permita essa união. Mas não só isso… a marca corrompida só surge quando há sangue… amaldiçoado, ou intenções más por parte da… da Luna.

Camilla arregalou os olhos, assustada.

— Está dizendo que eu… que isso é minha culpa?

— Estou dizendo que a união entre você e Kael jamais deveria ter acontecido dessa forma. — Belia se levantou devagar, indo até a bolsa que trouxera e retirando um pequeno frasco de vidro com ervas amassadas. — Uma união forçada, selada por um desejo doentio de poder… pode gerar consequências como essa.

Camilla encarou o próprio reflexo manchado de sangue escuro, o peito arfando, os olhos vibrando de ódio e desespero. A raiva se acumulava em seu ventre, mais quente que o veneno que lhe corroía a pele.

— Sua velha idiota! Isso é mentira! ESTÁ TENTANDO ME ENGANAR! — a Luna berrou, tentando acertar a anciã com um tapa mas sem forças até para isso. — Fale a verdade, sua maldita!

A anciã a observava em silêncio, mas havia pesar em seu olhar.

— Seu corpo está rejeitando a ligação com o alfa, essa é a verdade — respondeu, com uma voz firme, mas sem agressividade. — A ligação da mordida… ela não foi aceita por sua alma. E isso, minha senhora, acontece quando se rejeita seu verdadeiro companheiro destinado… para se unir a outro lobo, não por amor, mas por ganancia. Quando se coloca na frente de outra ligação orquestrada pela deusa.

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