O sol mal havia subido por completo no céu acinzentado quando Lyra deixou a clareira, os passos leves sobre o chão de folhas úmidas. A pele ainda sentia o resquício do beijo da noite anterior, quente, inesperado, mas delicioso.
Ela não sabia dizer o que era pior: o fato de ter gostado ou o de não ter o afastado imediatamente.
— Bom dia, Lyra — River surgiu ao lado dela, os braços cruzados e um sorriso preguiçoso nos lábios. — Dormiu bem, pronta para continuar?
Lyra revirou os olhos com toda preocupação dele, mas havia um toque de diversão em sua expressão. Os últimos dias haviam quebrado parte da armadura, e, apesar de não admitir nem sob tortura, ela se sentia mais leve perto dele.
— Sonhei que você finalmente calava essa boca e parava de me tratar como se eu fosse de vidro, acredita? — respondeu, secando o rosto com as mãos antes de encará-lo. — Pena que não era um sonho profético.
River riu, balançando a cabeça.
— Isso quase soou gentil. Estou ficando preocupado com você.
— Não se acostume.
O som de passos interrompeu a troca de farpas. Callie surgiu de dentro da caverna, os cabelos levemente desgrenhados e os olhos semicerrados.
— Bom dia — murmurou, ainda sonolenta. — Minha irmã já está vindo.
River assentiu e seguiu com elas até a entrada do abrigo. A garota que dormira ao lado de Callie começava a se sentar, os cabelos escuros caindo nos ombros magros. Os olhos eram vivos, curiosos, mas havia uma sombra de medo escondida ali. Parecia mais jovem do que os outros, e instintivamente, Lyra sentiu vontade de protegê-la.
— Acho que não cheguei a apresentar ela — disse Callie, colocando a mão nas costas da menina. — Essa é minha irmã, Nora.
Nora olhou para eles, desconfiada, mas não disse nada. Apenas balançou levemente a cabeça em cumprimento.
— Prazer, Nora — disse River, com um sorriso mais gentil do que o usual. — Sou River, essa aqui ao meu lado é Lyra, a garota para quem você emprestou as roupas lembra?
— É um prwazer, Nora — Lyra disse com um sorriso gentil, sem se aproximar muito.
Callie acariciou os ombros da mais nova, mas Nora continuava calada, os olhos alternando entre os dois com curiosidade crescente.
— Ela não fala muito com estranhos — explicou Callie.
— Isso a torna a pessoa mais sensata daqui — respondeu Lyra.
Minutos depois, os quatro estavam sentados ao redor do fogo, comendo o restante do que Callie havia caçado na noite anterior. Quando terminaram, começaram a organizar tudo, apagando o fogo, cobrindo os rastros da melhor forma possível.
River ajeitou a própria mochila nas costas e então se virou para elas, o semblante mais sério.
— Vamos para a alcateia Lua Sangrenta — anunciou. — Lyra e eu estamos nessa viagem há alguns dias. Se vierem conosco, e podem vir se quiserem, terão uma alcateia para morar.
— E sem andar à noite — completou Callie, séria. — Eles caçam no escuro.
— Concordo — disse River. — Vamos sair ao meio-dia e acampar antes do pôr do sol. A trilha até lá leva poucos dias, mesmo se formos devagar.
— E vamos devagar porque temos uma adolescente conosco — pontuou Lyra, lançando um olhar breve para Nora. — Não vamos sobrecarregá-la.
— Falo por mim mesma, tá? — disse Nora de repente, surpreendendo os três. — Eu consigo andar, não sou uma criança.
— E tem língua afiada igual à irmã — murmurou River, rindo.
— Vai se acostumando — disse Callie, suspirando. — Tem duas agora.
Lyra pegou seu manto e o colocou sobre os ombros, se cobrindo, River a observou com atenção antes de comentar, como se não fosse nada demais:
— Quando chegarmos, vou treinar você.
Ela o olhou, desconfiada.
— Treinar?

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...