— Você tem habilidade, Lyra. Tem força, coragem, mas não teve o preparo certo naquele lugar. Já te disse antes e repito, você tem muito potencial.
Ela não respondeu de imediato, apenas abaixou os olhos, apertando os dedos ao redor do tecido da capa..
— Então tá bom — disse por fim, a voz baixa, mas firme. — Mas saiba que se tentar me derrubar como pretexto pra passar a mão em mim, vou cortar seus dedos.
— Gosto quando me ameaça — respondeu ele com um sorriso torto. — Me faz sentir especial.
Ela revirou os olhos e caminhou em direção à trilha. River, Callie e Nora a seguiram, cada um com seus próprios pensamentos, medos e esperanças guardadas na bagagem.
Callie e Nora caminhavam lado a lado, trocando cochichos ocasionais, enquanto Lyra e River iam à frente, abrindo caminho pela trilha estreita que se enfiava entre as árvores. A floresta era densa à esquerda, um emaranhado de galhos retorcidos e sombras profundas, enquanto à direita, ao longe, as montanhas cortavam o céu como lâminas.
— A Lua Sangrenta fica mais a esquerda, bem dentro da mata densa — disse River, apontando com o queixo. — Vamos tentar não chegar perto das montanhas, vai ser mais lento, mas mais seguro.
— Concordo, não quero nenhuma outra surpresa de caçadores de novo — respondeu Lyra, pulando por cima de uma raiz grossa.
Ele soltou uma risada baixa.
— Começou a confiar em mim? Temos um avanço…
Ela virou o rosto devagar, o olhar atravessando o dele.
— Não se empolga. Te dou um dedo de confiança e você quer o braço inteiro.
— Prefiro o coração inteiro, mas posso começar com o braço.
Ela balançou a cabeça, contendo um sorriso. River tinha aquele jeito irritante de dizer as coisas como se não importasse a resposta, como se já soubesse que uma parte dela escutava.
O grupo seguiu por mais algumas horas, parando apenas para beber um pouco de água de um riacho que cortava a trilha. Quando voltaram a andar, River se aproximou mais de Lyra, os passos sincronizados, e o silêncio entre eles era confortável até que ele retomou um assunto que ela esperava que tivesse morrido.
— Sobre os ômegas com dons...
Ela arqueou uma sobrancelha, olhando de lado.
— Vai começar com isso de novo?
— Só quero saber mais sobre você antes de começarmos o treinamento. — Usou o treino como desculpa, mas na verdade queria saber mais sobre ela pelo simples fato de ser Lyra.
River sempre queria saber tudo sobre ela.
Ela desviou os olhos para o chão, a boca se fechando num traço tenso.
— Eu não sei se deveria falar sobre isso.
— Pode confiar em mim.
— Você já falou isso várias vezes…
— Mas é verdade, sabe disso — respondeu, a voz firme. — Não quero usar isso contra você. Só quero entender.
Ela parou de andar por um segundo, respirando fundo. Então continuou a passos lentos, como se cada palavra que estava prestes a dizer pesasse mais do que gostaria de admitir.
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