A loira assentiu, calada, tentando desacelerar o coração.
Voltaram a ficar de pé, ele ficou sério de novo, mas havia um traço suave no olhar que antes era apenas firmeza.
— Antes de qualquer coisa, você precisa dominar o seu dom. A luta é importante, mas sua força real está em aqui — apontou para o peito dela — e aqui — disse, tocando de leve a têmpora da garota.
— Você quer que eu leia emoções.
— Com precisão. Saber o que os outros sentem pode salvar sua vida em batalha. Ou destruir um inimigo sem precisar encostar nele.
Ela baixou os olhos, hesitante.
— Eu não sei se consigo controlar. Às vezes, é como um tsunami, me afoga.
— Então vamos começar devagar. Quer tentar como humana ou...?
Ela olhou para ele, o rosto ficando vermelho.
— Eu... Eu me transformei poucas vezes, não sei como fazer direito.
River a observou em silêncio por alguns segundos. A transformação deveria ser natural para os lobos, ganhavam-na aos onze anos de idade e era como uma criança que aprendia a andar não se esquecia. Bem, dentre todas as coisas que a antiga alcateia de Lyra não fazia direito, ensinar seus filhotes a “andar” era uma delas, isso não o surpreendia.
— Isso também vamos treinar. Mas por hoje, vamos começar pela forma humana, é o mais seguro.
Eles se sentaram lado a lado na grama, num espaço onde o sol tocava a terra como se o próprio céu estivesse observando. A luz do dia aquecia suas peles, os deixando ainda mais tranquilos. A clareira estava silenciosa, cercada de árvores que se curvavam sobre eles, formando um teto natural que os protegia do resto da floresta.
Lyra respirou fundo, tentando silenciar os pensamentos que corriam agitados por sua mente sempre muito bagunçada. River virou-se para ela, os olhos fixos, firmes, ele não dizia nada, apenas a observava com atenção, como se esperasse que ela soubesse o que fazer.
E mais do que isso, era uma necessidade desesperada de proteger, de manter perto, de não deixar escapar. Um sentimento tão intenso e puro que seus olhos marejaram e um sorriso pequeno se formou em seus lábios, apesar do rubor que coloriu suas bochechas.
— O que está sentindo? — perguntou ele, com uma calma que quase soava cúmplice.
Lyra hesitou, mordendo levemente o canto inferior do lábio, antes de desviar os olhos e sussurrar:
— Você... você gosta de mim.
River arqueou uma sobrancelha, então sorriu, devagar, como se já soubesse a resposta.
— Não, Lyra. — Ele inclinou o corpo levemente para a frente, os olhos presos nos dela. — Eu não gosto de você.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...