A bruxa respirou fundo, os dedos percorrendo o dorso do baralho como se buscassem mais do que símbolos. Seus olhos estavam escuros agora, semicerrados, e uma energia estranha pairava sobre a sala. O chiado da chaleira cessara, mas a tensão parecia crescer em cada centímetro de ar.
— Você quer uma solução, então aqui está — disse ela, puxando duas novas cartas. — Mas nenhuma delas vai te poupar da dor.
A primeira carta virou com um estalo seco: O Dez de Espadas. Lizzie nem disfarçou o pesar no olhar.
— A primeira opção… — começou, olhando diretamente para Camilla — é matar Kael.
O silêncio que se seguiu foi brutal.
Camilla arregalou os olhos, o coração disparando como se o nome dele já fosse uma sentença.
— Matar… o Alfa?
— Sim — confirmou Lizzie, com a calma cortante de quem já previra a reação. — Você carrega a doença porque se colocou entre ele e o destino dele. Ele era o companheiro de outra você ajudou a distanciar os dois, sussurrando no ouvido dele como uma cobra. Agora a ligação entre vocês está corrompida. Para quebrar esse fio… você precisaria eliminá-lo.
Camilla se ajeitou no sofá, a garganta seca, a pele mais quente do que antes.
— Isso é…
— Loucura? — Lizzie deu um sorriso torto. — Eu sei. E não pense que seria fácil. Ele é um Alfa. Um guerreiro. Mesmo doente, ele acabaria com você antes de perceber o que está acontecendo.
— E mesmo se eu conseguisse… — murmurou Camilla, com os olhos baixos — ...a matilha me mataria. Eu seria punida por traição.
— Justamente — disse Lizzie, virando a segunda carta com lentidão. A Sacerdotisa Invertida. — A outra opção… é engravidar.
Camilla ergueu os olhos.
— Engravidar?
— Sim. Você carrega a doença, mas ela pode ser transferida… durante o desenvolvimento de uma nova vida. Existe um ritual, antigo, proibido por muitas alcateias, mas ainda possível. Quando você estiver grávida, faremos o ritual. A criança nascerá amaldiçoada. Um monstro.
Camilla pegou a xícara com as mãos trêmulas, mas antes de levá-la aos lábios, Samira falou novamente, a voz suave como seda cortante.
— Só lembre-se de uma coisa, loba. — Ela se aproximou. — Quando essa criança nascer… o Alfa pode rejeitar você, pode te virar as costas. Não importa o que sente agora. Ele pode ver o que você deu à luz… e escolher te punir.
A mão de Camilla parou no ar, o vapor do chá subia, aquecendo seus olhos marejados.
Ela ficou em silêncio por longos segundos. Pensou no rosto de Kael, nos raros momentos em que ele a olhava com algo que se aproximava de ternura. Pensou no posto de Luna que tanto quis, em ser a lider de uma alcateia, no que lhe restaria após dar a luz a um monstro.
Engoliu em seco.
— E… — começou, hesitante — se houvesse dois?
Lizzie e Samira se entreolharam, não falaram nada, apenas ficaram ali, com o olhar fixo uma na outra, como se conversassem em silêncio, apenas por olhares.
— Duas crianças? — repetiu Lizzie, por fim.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...