O cheiro de sangue empesteava a floresta. Pesado, viscoso, impregnado em cada folha, em cada sopro de vento. Lyra sentia o gosto metálico no ar, sentia a adrenalina pulsando sob a pele prateada da loba que agora era. Seus músculos vibravam com cada passo, o coração batia como um tambor de guerra.
Os olhos prateados vasculharam os arredores, atentos, havia mais deles.
Passos apressados.
Armas sendo recarregadas às pressas.
E, então, gritos.
— Ali! Ela está ali! Atirem!
As balas cortaram o ar como insetos de aço, mas Lyra se moveu antes que a primeira tocasse seu corpo. Ela saltou para o lado, rápida demais para ser acompanhada, uma sombra prateada deslizando entre as árvores, ágil como o vento, impiedosa como a morte.
Dois caçadores avançaram, a loba se virou, os olhos brilhando com selvageria. Rosnou alto, as presas à mostra, e correu na direção deles.
Um deles tentou mirar, mas não teve tempo.
Lyra saltou, as garras cravando fundo no peito do homem, derrubando-o com força contra o chão. Um estalo seco ecoou, ela girou o corpo no ar e, com um movimento preciso, arrancou a garganta do segundo com os dentes.
O sangue jorrou como uma fonte rubra, quente e grotesca.
Os outros caçadores hesitaram.
Mas foi quando ela uivou que tudo mudou.
Um uivo longo, carregado de uma energia invisível, mas poderosa, cortou a noite como uma lâmina de prata.
Não era um uivo comum.
Era o dom.
O uivo de Lyra não apenas ecoava, ele penetrava a alma, mexia com as emoções mais escondidas de quem o ouvia. E, naquele instante, os caçadores sentiram.
Medo.
Um medo intenso, irracional, como se algo dentro deles gritasse para fugir, para se esconder, para jamais ter se aproximado dela.
Alguns caíram de joelhos, largando as armas, as mãos tremiam, os olhos arregalados.
— O que... o que é isso?!
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