Atravessar a fronteira da Lua Sangrenta era como entrar em outro mundo. O ar mudava. Tornava-se mais denso, carregado por uma magia forte que dançava sobre a pele como um sussurro antigo. Callie sentiu cada pelo do corpo se arrepiar assim que seus pés tocaram o solo da alcateia.
— Estamos perto — murmurou para Nora, que vinha logo atrás, também em sua forma humana, com os olhos escaneando a mata.
Foi no instante seguinte que tudo aconteceu.
Sombras apareceram entre as árvores, surgindo dos troncos como fantasmas armados. Em um piscar de olhos, estavam cercadas. Sete lobos gigantescos, de pelos densos e olhos brilhantes, rosnavam ao redor delas com intensidade predatória. Os dentes expostos cintilavam sob a luz pálida do amanhecer.
Callie ergueu as mãos lentamente, em um gesto de rendição. Seus joelhos tocaram a terra molhada, o coração disparando em desespero.
— Viemos em nome de River! — disse ela, a voz trêmula, mas firme. — Estávamos viajando com ele para cá, ele está vivo! Fomos atacados não muito longe daqui... por caçadores!
Os lobos não responderam. Apenas se entreolharam, seus olhos se comunicando com mais rapidez do que qualquer palavra poderia alcançar. Eles falavam entre si através do elo mental, algo inacessível a Callie naquela forma. Cada rosnado, cada movimento sutil de cauda e orelha carregava significados que escapavam ao entendimento humano.
“Estão tentando nos enganar, tenho certeza!”, o primeiro disse, os olhos desconfiados focados nas renegadas.
“Não podemos confiar em renegadas”, um outro concordou.
Nora olhava ao redor com tensão, o corpo preparado para lutar se fosse preciso, mas também ciente de que não teria chance contra tantos.
— Estão nos julgando? — sussurrou ela, se inclinando para Callie.
Alguns dos lobos hesitaram, um deles, de pelagem negra como breu e olhos dourados, deu um passo à frente e abaixou ligeiramente a cabeça, como se ponderasse as palavras da garota.
Outro rosnou alto, discordando. Mas então, um terceiro, de pelos acinzentados e cicatrizes marcando o dorso, olhou na direção de Callie com algo semelhante à surpresa.
Ele se comunicou com os demais, e embora Callie não compreendesse, ela sentiu a mudança no ar.
“Eu ouvi boatos, todos ouviram.”
“Mas boatos não significam nada!”
Um deles, talvez o mais jovem, falou, encarando as duas com desconfiança.
— Eles estão falando de River... — sussurrou Nora, apertando os punhos. — Acho que alguns já ouviram algo.
Foi então que o maior deles avançou.
Um lobo de pelagem cinzenta e branca, imponente, com os olhos tão intensos que pareciam esculpidos em pedra. Rosnou baixo para Callie, o som grave reverberando no peito dela. E então, com um movimento da cabeça, indicou que elas os seguissem.
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