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Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 27

E foi então que o chão pareceu tremer com a aproximação de alguém.

De dentro da floresta, surgiu um vulto de pelagem avermelhada, com olhos de um âmbar queimado que faiscavam sob a luz da lua. O lobo caminhava com firmeza, sem pressa, mas com a autoridade que fazia até os maiores se curvarem quando passou. Em poucos segundos, sua forma se distorceu, os ossos rangeram e músculos se moveram até que o homem estivesse diante deles.

Ele era alto, esguio, com uma presença serena que fazia o ar ao redor dele parecer mais denso. Os cabelos ruivos caíam até os ombros e uma cicatriz atravessava seu peito nu.

— O que está acontecendo aqui? — Sua voz era baixa, mas carregada de comando. — Claus?

O líder da guarda se endireitou imediatamente.

— Senhor Solomon… essas duas humanas alegam estar viajando com River.

Solomon ergueu uma sobrancelha, sem esboçar surpresa.

— River?

— Elas dizem que ele foi atacado por caçadores há alguns quilômetros daqui. Estão tentando nos convencer a levar reforços até lá, mas...

— Isso é impossível — murmurou Solomon, embora seus olhos permanecessem fixos em Callie.

Ela ia falar, explicar mais uma vez, implorar se fosse preciso, mas antes que sua boca se abrisse, um vento cortante atravessou o campo.

Um uivo fino e desesperado ecoou entre as árvores, e então, como um raio prateado, uma loba surgiu da mata. Seus olhos brilhavam como faróis na escuridão, e seu corpo, ainda coberto de sangue, tremia de exaustão.

— Ataque! — gritou um dos guardas.

Três lobos se projetaram à frente, prontos para interceptar a intrusa, mas antes que qualquer um deles se chocasse com a figura prateada, ela parou bruscamente, abaixou a cabeça e tombou as patas dianteiras.

Em seu dorso, o corpo de River deslizou.

Callie gritou antes mesmo de perceber.

— Lyra!

Ela correu alguns passos, mas parou quando viu o brilho feroz nos olhos dos lobos armados. Solomon levantou a mão.

— Afastem-se.

Ninguém ousou desobedecer.

Ele caminhou até a loba ofegante e se agachou diante do corpo do alfa. O peito de River subia e descia de maneira irregular. O sangue ainda escorria dos buracos das balas, manchando a prata dos pelos de Lyra, e o cheiro de mata-lobos tomava o ar.

Solomon tocou o braço do amigo e sua mão tremeu por um segundo.

— Vocês estão feridas?

— Não... não muito. Só... muito cansaço. E susto — respondeu Callie, sem conseguir desviar o olhar de River.

— Então venham. Estão sob minha proteção agora. São bem-vindas na Lua Sangrenta.

Callie sentiu um nó se formar em sua garganta. Por um segundo, teve medo de desabar ali mesmo, mas se manteve firme. Lyra, mesmo sem palavras, havia feito o impossível. E agora, diante deles, o homem que havia sido uma lenda viva para tantos estava de volta, desacordado, mas vivo.

Solomon voltou a sua forma de lobo diante de todos. A transformação foi rápida, fluida, e quando terminou, ele se abaixou para permitir que Lyra o seguisse em passo lento. Callie e Nora vieram logo atrás, cercadas pelos lobos da guarda, que agora já não demonstravam hostilidade, mas respeito.

Na escuridão entre as árvores, a alcateia se preparava. Murmúrios percorriam as mentes ligadas pelo elo da matilha. O alfa havia voltado. E com ele, uma nova era parecia começar.

Callie segurou a mão de Nora e sussurrou:

— Nós conseguimos.

A mais nova assentiu, com lágrimas nos olhos.

— Estamos a salvo... por enquanto.

A floresta da Lua Sangrenta os engoliu em silêncio, sob a vigília das estrelas e o som abafado de passos e patas que levavam o alfa de volta ao seu trono.

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