— Não — ele a interrompeu com firmeza, segurando o rosto dela com as duas mãos. — Não subestima o que você é. Se não fosse por você… eu não teria voltado. Eu vi você, de verdade, e foi diferente de tudo que já vi. Acredite em mim, meu bem…
Ela sentiu os olhos marejarem novamente. Um nó se formou em sua garganta, e por um instante, não conseguiu dizer nada. Apenas encostou a testa na dele, fechando os olhos, inspirando o cheiro quente e familiar de River, tão real, tão vivo.
— Eu tô tão feliz por você estar aqui. Vivo. Bem.
— Tudo graças a você.
Ela sorriu, os lábios trêmulos. Então se afastou devagar, pegando um pequeno controle ao lado da cama. Apertou o botão vermelho que acendia uma luz discreta sobre a porta.
— Vou chamar a enfermeira. Eles precisam saber que você acordou, não vamos deixar ninguém esperando.
River observou o quarto pela primeira vez com mais atenção. Os olhos passearam pelas paredes brancas, as luzes de LED embutidas no teto, os equipamentos eletrônicos que apitavam e piscavam, os tubos conectados ao soro. Havia uma tela suspensa acima da maca, que exibia seus dados vitais em tempo real. Um lugar tão moderno que não parecia parte do mundo dos lobos.
A maçaneta girou, e a porta se abriu suavemente. Uma mulher humana entrou com um sorriso profissional, vestindo o uniforme da enfermaria da alcateia. Logo atrás dela, surgiu um rosto conhecido.
— Solomon? — River ergueu as sobrancelhas, surpreso.
O amigo entrou com passos lentos, as mãos nos bolsos do casaco escuro. Havia um sorriso contido em seus lábios, mas os olhos observavam River com um misto de alívio e respeito.
Os dois se encararam por longos segundos, o silêncio preenchido apenas pelo bip dos monitores.
Então, River se levantou, ainda um pouco tonto, mas sustentado pela força da determinação. Lyra tentou segurá-lo, mas ele fez um gesto para que ela o deixasse ir. A enfermeira recuou instintivamente, apreensiva.
— O que você fez com a minha casa, Solomon? — River perguntou, com uma expressão séria, os braços cruzados diante do peito.
A enfermeira congelou no lugar, Lyra sentiu o coração acelerar.
Solomon arqueou uma sobrancelha, depois soltou uma gargalhada leve.
— Eu só… modernizei algumas coisinhas. — Ele caminhou até River e o abraçou com força. — Bem-vindo de volta, Alfa.
River riu, abraçando o amigo de volta com algumas batidas firmes nas costas.
— Modernizou, é? Isso aqui parece um lugar de humanos não uma alcateia — Ele olhou em volta com escárnio divertido.
— É o futuro, irmão. Você precisa aceitar o progresso. — Solomon recuou um passo e apontou para a mulher ao lado. — Essa é Judith. Companheira de um dos nossos guerreiros. Enfermeira formada em medicina humana.
Lyra arregalou os olhos.
Judith se aproximou discretamente de River para examinar os aparelhos, anotando os sinais em um tablet.
— Seus dados estão estáveis. É um bom sinal, vou avisar ao médico responsável. — Ela sorriu para Lyra antes de sair. — Você fez um bom trabalho, mantendo ele por aqui.
Lyra retribuiu o sorriso com um aceno tímido, e quando a porta se fechou, restaram apenas os três no quarto.
River olhou ao redor mais uma vez.
— Tá. Talvez eu precise admitir que algumas mudanças foram boas.
Solomon ergueu o queixo, vitorioso.
— Eu não passaria por todo esse trabalho só pra impressionar você. É sobre dar opções, liberdade. E, principalmente, sobre não repetir os erros do passado e ter como cuidar do nosso povo.
— Eu sei — River assentiu. — E eu agradeço por ter segurado tudo isso por mim.
— Você teria feito o mesmo.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...