Na noite anterior
O cheiro de madeira polida e aromatizante de lavanda preenchia o escritório silencioso. A lareira crepitava num canto, lançando sombras alaranjadas sobre as paredes de pedra, enquanto o vento do lado de fora fazia as janelas estremecerem, o festival havia acabado, a alcateia estava tensa. A mansão da alcateia da Lua Sangrenta era imponente, mas o coração da liderança batia ali, naquele cômodo revestido de tensão.
River estava de pé, os braços cruzados, o maxilar trincado. Os olhos queimavam com algo mais do que impaciência, era raiva contida, um mar revolto prestes a romper a barragem. Solomon estava ao lado dele, apoiado casualmente na lateral da mesa, mas havia rigidez no modo como mantinha os olhos atentos em seu alfa. Lyra sentava-se em uma poltrona próxima à lareira, com Petra encolhida a seu lado, segurando a mã da amiga que, apesar de mais calma, ainda estava assustada e triste.
— Eles se casaram — a voz de Petra quebrou o silêncio como um estalo. — Kael e Camilla. O ritual aconteceu no centro da alcateia, todos foram obrigados a participar, mas... — ela hesitou, os olhos fixos no chão de madeira escura. — A deusa não aprovou a união, um raio caiu na terra e uma flor negra nasceu no lugar, todos ficaram apavorados.
River encarou as duas sério.
— Isso significa que a união não foi abençoada — disse Lyra com o cenho franzido, os olhos estreitos de indignação.
— Significa que foi forçada — completou Petra, finalmente erguendo o olhar. — Ela não o ama. Mas quer poder. E ele quer status. Acham que, juntos, vão conseguir ser ouvidos pelos anciãos com mais força.
— Aqueles velhos cegos só ouvem quando lhes convém — rosnou River, virando-se para caminhar até a janela. Seus passos ecoavam como trovões no assoalho. — Mal retornei e já estão se reunindo para tentar decidir meu destino.
Petra trocou um olhar hesitante com Lyra antes de continuar.
— Enquanto cruzávamos a floresta, passamos perto de um acampamento de renegados. Eles estavam comentando sobre uma reunião. Disseram que os anciãos estão se reunindo amanhã de manhã. Alguns alfas foram chamados, então nervosos, pois sabem que se tentarem ir atrás de você, vão sair destruindo tudo pelo caminho, os renegados tem medo, ao menos os inocentes nisso tudo
— Destituindo tudo pelo caminho? — River virou-se de uma vez, os olhos agora faiscando. — Esses velhos, sempre querendo se meter onde não foram chamados… Não vou deixar o que aconteceu no passado se repetir.
— Eu posso ajudar — murmurou a menina, tentando conter a emoção. — Eu sirvo, se for preciso. Sei cozinhar. Sei costurar. Eu posso limpar. Não quero ser um peso.
Lyra acariciou os cabelos da garota, mas Petra se afastou um pouco, com um olhar determinado que a surpreendeu.
— Você é a companheira do alfa. Seu lugar está ao lado dele, o meu é servir. Sei qual é o meu lugar.
Lyra se calou, um nó se formando na garganta. Não era de piedade, era de dor. Sabia que era assim que foram ensinadas que as coisas funcionam, que a Luna era inalcançável e as outras omegas eram indignas de sua presença. Mas não estavam mais na antiga alcateia delas..
Solomon soltou um leve suspiro e se aproximou, ajoelhando-se diante de Petra. O rosto dele, geralmente marcado por sarcasmo e firmeza, estava suave. Havia algo nos olhos que a garota não soube nomear, mas Lyra percebeu.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...