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Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 39

O salão da sede central da alcateia era frio, amplo e solene. As tochas nas paredes lançavam sombras oscilantes sobre os rostos velhos e orgulhosos dos anciãos, todos reunidos ao redor da mesa de granito negro. O ar estava tenso, espesso com a expectativa de confronto. Solomon estava parado diante deles como um animal prestes a saltar, os olhos brilhando com o instinto alerta.

Não tinha medo algum, nem tinha um pingo de respeito em seu olhar.

— Insolente — rosnou Berak, batendo a mão contra a mesa. — Você invade nosso santuário e tem a ousadia de levantar a voz? Sua alcateia também está debaixo da ordem dos anciões!

Caliu se ergueu, o rosto tenso pela irritação.

— Saia daqui, agora! Antes que eu o coloque para fora. Aqui não é sua alcateia, você não tem autoridade nenhuma aqui.

Solomon avançou um passo, seu corpo era uma muralha firme, a postura tensa, e quando o som rouco do seu rosnado preencheu o salão, houve um breve silêncio, todos ficando ainda mais tensos.

— Tentem. — Sua voz saiu baixa, gutural, mas cada sílaba cortou o ar como lâmina. — Toquem em mim, e a guerra que vão começar não será uma que possam vencer.

Alguns alfas ficaram pálidos, outros apenas franziram os lábios, indignados com a ousadia do beta, mas nenhum se moveu.

— Está nos ameaçando, beta? — perguntou o ancião do centro, a barba prateada repousando sobre o manto escuro.

— Não — Solomon respondeu, firme. — Estou transmitindo uma promessa. Eu sou apenas o mensageiro, mas se derramarem meu sangue aqui, o alfa da Lua Sangrenta não vai apenas retaliar, vai caçar cada um de vocês até o último, não vai sobrar nada de nenhum lobo sentado nessa mesa.

Foi então que Kael se levantou, inflando o peito.

Os olhos dele faiscavam com desdém, como se estivesse diante de algo repulsivo demais para ser tolerado.

— Quem você pensa que é para falar dessa forma conosco? — A voz dele ecoou pelo salão, carregada de veneno. — Você é só um beta de merda, um vira-lata mandado para latir ordens como se fosse dono de alguma autoridade.

Os anciãos concordaram, murmurando entre si, mas Solomon não recuou. Não hesitou um segundo, ele olhou diretamente nos olhos de Kael, o rosto impassível, até que um sorriso torto, sem qualquer humor, se formou em seus lábios.

— Eu sou o beta de River. — O nome reverberou como um trovão abafado. — E você sabe exatamente o que isso significa, alfazinho.

Kael bateu os dedos sobre a pedra da mesa, como se se segurasse para não avançar. Havia algo mais que raiva em seu olhar, medo, talvez? Aquelas palavras podiam confirmar seu maior receio. Sua ex- companheira estava sob a posse do supremo, mas porque um lobo tão poderoso teria interesse numa inútil como Lyra?

Solomon se inclinou ligeiramente à frente, a voz firme, mas sussurrada o suficiente para que todos prestassem atenção.

— O River vai cuidar de você pessoalmente. — Seu tom foi ameaçador, mas havia um prazer velado ali em trazer aquele aviso. — Ele sabe de tudo o que fez com a mega, Lyra.

Kael cerrou os dentes, os olhos se estreitando em fúria. Maldita Lyra, deveria tê-la matado, mas como poderia imaginar que aquela maldita sobreviveria no estado em que estava?

— Não fiz nada de errado — cuspiu. — Seu alfa pode não saber, mas você sabe. O que fiz com aquela omega insolente foi amparado pelas leis, ela era minha, e eu podia fazer com ela o que eu bem entendesse.

— Ele virá, Kael, não se preocupe. E quando vier, não vai ser para conversar.

Sem mais uma palavra, ele se virou, ignorando os olhares hostis ao seu redor, e começou a caminhar em direção à saída do salão.

Mas antes que alcançasse a porta, a voz de um dos anciãos se ergueu no ar:

— Diga a River que o Conselho vai se reunir novamente. Vamos decidir o destino dele, a autoridade do supremo não está acima dos anciões, nos fazemos a vontade da deusa!

Solomon não respondeu, não adiantava bater boca com aqueles velhos e alfas cegos, não queriam ouvir. Havia feito seu trabalho, era o bastante. Antes de dar as costas por completo, Solomon se virou lentamente, os olhos percorrendo os rostos tensos e silenciosos dos anciãos.

— Uma última coisa — disse, a voz carregada de convicção. — Todos aqueles que se afastaram da cúpula... os que vocês marginalizaram, puniram ou ignoraram... serão futuros aliados da Lua Sangrenta.

Houve um burburinho nervoso entre os assentos. Os velhos sabiam do que ele falava, sabiam que cada exílio, cada punição injusta, cada lobo renegado ou clã rejeitado tinha sido uma semente plantada. E agora, a colheita estava próxima.

Solomon inclinou o queixo, os olhos cravando-se como lâminas nos de Kael.

— O domínio de vocês está chegando ao fim.

Com isso, virou-se de vez e marchou com firmeza para fora do salão. Seus passos ecoaram pelos corredores frios, ele não havia ido ali para negociar. Havia ido para mandar um recado e tinha feito isso com perfeição.

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