Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 39

Lá fora, a noite já havia mergulhado a floresta num breu úmido e gelado. A mansão da cúpula parecia uma fortaleza antiga e decadente contra o céu escuro, suas janelas vazias como olhos mortos. Solomon caminhou sem pressa pela trilha de pedras, o ar cheirando a terra molhada e pinho. Cada passo o afastava da hipocrisia disfarçada de tradição que se empoleirava lá dentro.

Quando adentrou a trilha estreita entre as árvores, o farfalhar das folhas e o estalar de galhos alertaram seus sentidos.

Ele parou.

Não parecia uma ameaça, mas era prudente esperar.

Dois vultos surgiram entre as sombras, primeiro como lobos. Dois animais enormes, de pelagem densa, um acinzentado com olhos âmbar e outro marrom-escuro com manchas brancas no peito e olhos avermelhados, um alfa. Ambos avançaram sem pressa até a trilha, onde, com movimentos suaves, retornaram à forma humana.

Ronnie foi o primeiro a se erguer, ao lado dele Caleb, um outro alfa que também havia saido junto a Ronnie e os vários outros que decidiram romper com os anciãos.

— Solomon — disse Ronnie, com um aceno de cabeça respeitoso. — Sabíamos que ia sair por aqui.

— Estavam me seguindo? — O beta arqueou uma sobrancelha.

— Esperando, ba verdade — respondeu Caleb. — A gente só precisava de uma oportunidade pra falar com você sem causar muito alvoroço.

Solomon cruzou os braços, observando os dois com atenção.

— E o que querem?

Ronnie deu um passo à frente.

— Queremos nos aliar ao Alfa Supremo.

Solomon não respondeu de imediato, seu olhar se manteve nos dois lobos, pesando as palavras, avaliando suas intenções.

— Por quê? — indagou por fim.

— Porque estamos cansados — Ronnie respondeu com firmeza. — Cansados da corrupção dessa cúpula, das ordens injustas, de ver bons lobos sendo punidos por não se curvarem a essa estrutura apodrecida. A Lua Sangrenta é nossa chance de lutar por algo real.

Ronnie e Caleb desapareceram pela floresta logo em seguida, sem dizer mais nada.

Solomon, por sua vez, seguiu por uma trilha mais estreita, desviando da rota principal até alcançar uma velha estrada onde um carro o esperava, deixado discretamente por um dos aliados. Entrou sem fazer barulho, ligando o motor com rapidez e iniciando a jornada rumo ao aeroporto mais próximo, a horas dali.

Enquanto dirigia, os pensamentos fervilhavam. As palavras ditas, os olhares dos anciãos, a raiva escancarada no rosto de Kael. Ele sentia que as engrenagens estavam se movendo, e River, o Alfa Supremo, era o centro de tudo, um furacão prestes a explodir. E quando isso acontecesse, não haveria rocha antiga ou conselho tradicional capaz de segurá-lo.

Solomon apertou mais o volante.

A revolução não era mais um rumor.

Ela estava viva.

E prestes a devorar tudo.