Entrar Via

Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 40

Na alcateia Ventos Sombrios

Belia recuou dois passos, arregalando os olhos ao ver as garras da Luna se projetarem, os dentes alongados e os olhos dourados brilhando de fúria.

— Vá agora, velha inútil! — Camilla gritou, jogando uma cadeira contra a parede. — Ou eu juro pela Deusa que arranco sua garganta com as minhas próprias mãos!

— Você… você está perdendo o controle, Luna! — A anciã gaguejou, chocada. — Isso... isso não é normal... isso não é só a doença!

— Eu não me importo com o que é! — rosnou, levando a mão ao ombro podre, apertando como se aquilo pudesse aliviar a dor latejante que queimava até seus ossos. — Vá até a floresta! Siga a trilha que leva ao velho carvalho caído! Atrás dele, há uma cabana… é lá que elas vivem. Chame as bruxas. Chame agora!

Belia respirou fundo, tremendo. Ela sabia que aquilo ia contra tudo que os lobos acreditavam. Bruxas eram vistas como pragas, parasitas da natureza, seres que manipulavam a magia sem permissão da Deusa, aliadas a uma deusa esquecida por todos. Se Kael soubesse que ela se envolveu com uma delas… ele a mataria. Mas, olhando para Camilla, percebeu que, se não obedecesse, morreria ali mesmo.

Mas não foi só o medo que amoleceu seu coração… foi a pena. A luna estava num estado que Belia nunca viu nenhuma outra loba chegar.

— Está bem… — sussurrou, com relutância. — Mas se isso der errado, não me peça para protegê-la do alfa.

Camilla arqueou as sobrancelhas, os olhos cheios de desprezo.

— Eu não preciso de proteção. Agora suma daqui antes que eu arranque sua pele.

Belia ajeitou a saia longa, respirou fundo mais uma vez e saiu apressada, praticamente correndo pelos corredores. Assim que cruzou a porta da mansão, olhou para os dois lobos que guardavam a entrada e fingiu que ia buscar ervas na floresta, algo que fazia com frequência.

Assim que se distanciou o bastante, desviou da trilha principal e adentrou uma região mais fechada da floresta, onde as árvores pareciam mais velhas e o vento soprava de forma estranha, quase sussurrando.

Seu coração batia acelerado, nunca tinha se atrevido a se aproximar daquela parte. Ali, as histórias diziam que as bruxas moravam, isoladas, escondidas do mundo dos lobos.

— Minha deusa... — sussurrou, olhando para o carvalho caído. — Isso só pode terminar em desgraça.

***

Dentro do quarto, Camilla andava de um lado para o outro, segurando o próprio ombro, onde a carne parecia queimar. A pele estava escura, quase negra, as veias saltadas, azuladas e pulsantes, como se algo vivo rastejasse por dentro dela.

O cheiro de podridão preenchia o ambiente. Tinha tentado cobrir com ervas, velas aromáticas, incensos, mas nada adiantava mais. Já não conseguia disfarçar nem com maquiagem, nem com roupas.

Olhou-se no espelho e quase não reconheceu o próprio reflexo.

— Droga... droga, não... não agora… — apertou o ombro, rangendo os dentes. — Eu estou grávida, não posso morrer agora. Esse filho vai me salvar, ele vai salvar meu corpo… eu só preciso aguentar… só mais um pouco.

Mas seu corpo vacilou, e ela caiu de joelhos, apertando o peito enquanto arfava. As dores estavam mais fortes, como se algo estivesse corroendo-a por dentro, espalhando-se como um veneno que não podia ser contido.

— Maldição! — gritou, esmurrando o chão.

Lágrimas de raiva e desespero escorreram por seu rosto.

— Eu não vou morrer... eu não vou morrer! — rosnou para si mesma. — Esse maldito filhote vai me salvar. Eu só preciso... eu só preciso de mais tempo!

— Claro que precisa — disse Samira, sorrindo de canto. — Não deve estar muito bem a essa altura do campeonato.

— Vocês podem ajudá-la? Ela disse que poderiam — Belia perguntou, a voz trêmula.

Lizzie deu uma risada curta.

— Ela sabe que a cura dela é aquela criança, mas para isso precisa sobreviver.

Samira saiu da porta e entrou na casa, sumindo no interior para, instantes depois, retornar com um frasco na mão. Dentro do frasco havia um líquido preto denso.

— De isso a ela, e a alimente bem, ela vai precisar de força, a gravidez vai ser mais rápida que o comum.

Belia engoliu em seco.

— Certo.

Foi a única coisa que a anciã disse antes de pegar o frasco e correr em direção ao caminho por onde veio, sem agradecimentos, sem despedidas.

Sentia que estava traindo sua deusa, mas não devia lealdade a sua Luna? Mesmo que ela fosse uma menina egoísta, ainda era apenas uma menina.

E Belia não queria deixa-la morrer daquele jeito.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo