Ele olhou para baixo, incrédulo, e a impotência bateu como uma maldição ainda pior que a doença. Afinal, o que afeta mais a masculinidade frágil e o ego de um homem sem caráter do que perceber algo assim? Sua respiração ficou descontrolada, o peito subindo e descendo, suando frio.
— O que… — balbuciou, as mãos subindo pelo rosto, os dedos apertando os próprios cabelos. — O que está acontecendo comigo?!
A omega, apavorada, viu ali sua chance. Saiu da cama de um salto, puxou o vestido do chão e saiu correndo antes que ele a segurasse. Desceu as escadas praticamente se jogando, tropeçando, ofegante.
— Sai da frente! — gritou para qualquer um que ousasse cruzar seu caminho.
Kael, lá em cima, rugia, completamente fora de si. Socou a cômoda, quebrou o espelho com um murro, pegou uma cadeira e atirou contra a parede.
— Maldita Lyra! — berrou, com os olhos completamente vermelhos, os dentes trincando de tanta fúria. — Maldita seja! Isso é culpa sua! SUA! — o som do rugido dele ecoou pela mansão inteira, fazendo até os lobos do lado de fora olharem assustados.
A doença, a fraqueza, a impotência física… tudo isso ele jogava nas costas dela. Incapaz de aceitar que aquilo era fruto de suas próprias escolhas, de sua própria corrupção.
***
Enquanto isso, no quarto mais isolado da mansão, Camilla gemia, apertando a barriga já bem grande, mesmo com dois meses de gestação. Os gêmeos cresciam rápido, muito mais do que uma gravidez de loba normal, que geralmente durava seis meses.
O corpo dela, porém, parecia não acompanhar o ritmo.
Seu ombro estava completamente negro, com veias azuladas e arroxeadas que se espalhavam pelo braço inteiro. A pele estava enrijecida, rachada, como se apodrecesse de dentro pra fora. O cheiro que vinha dela era insuportável, e nem as janelas abertas conseguiam aliviar aquilo.
Belia trocava os panos constantemente, limpando as feridas que já começavam a abrir na pele da Luna. As mãos da anciã tremiam, mas seu olhar se mantinha firme.
Camilla chorava, com a mão apoiada na barriga, sentindo uma das pequenas mexer.
— Eles estão… — apertou os olhos, as lágrimas escorrendo. — Estão vivos… ainda estão aqui… — soluçou, segurando o próprio ventre com as duas mãos. — Por favor… por favor, não me tira eles… — implorava, olhando para o teto, para a lua que brilhava do lado de fora.
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