Tommy sentia o gosto amargo da humilhação ainda preso na garganta, o pescoço latejava onde Kael o havia mordido, e cada passo parecia pesado como se carregasse todo o peso da alcateia nas costas. Ele manteve o semblante sério, desviando dos olhares curiosos dos poucos soldados que passavam pelos corredores.
Havia passado horas com Kael no escritório, o alfa agiu como se nada tivesse acontecido, como se não tivesse quase o matado, e juntos planejavam a invasão a lua sangrenta dali há dois dias. Quando finalmente foi liberado, sob um olhar ameaçador, deixou o escritório para tentar curar suas próprias feridas.
Ao avistar Camilla parada próximo a uma janela, o olhar dela encontrou o dele com uma clareza quase dolorosa. Havia entendimento ali, um silêncio que gritava mais que palavras. Ele havia a deixado quando foi chamado por Kael, e por incrivel que pareça, percebeu a preocupação genuína nos olhos da loba.
Sem falar nada, Tommy fez um leve sinal com a cabeça e Camilla, mesmo com a barriga enorme e o braço ainda marcado pela doença que a corroía, o seguiu com passos lentos e firmes.
Eles atravessaram corredores frios, passando por tapetes gastos e paredes que pareciam observar tudo. Pararam apenas quando chegaram aos fundos da mansão, num pátio esquecido onde apenas ervas secas insistiam em crescer.
Camilla apoiou a mão na barriga, respirando com esforço. Tommy virou-se para ela, o rosto endurecido.
— O plano dele é partir o mais rápido possível com os guerreiros — disse, a voz baixa e rouca. — O convenci a sair daqui há dois dias.
Camilla fechou os olhos por um instante, o alívio misturado ao medo estampado na expressão cansada.
— Acha que… Que ele desconfia? — perguntou, com hesitação.
— Não. — respondeu Tommy, balançando a cabeça. — Está cego pelo ódio, só consegue pensar em River. Eu disse que devíamos esperar dois dias para preparar os soldados... e ele aceitou. Planejamos sair na noite, mas o supremo vai chegar aqui… pela manhã.
Camilla assentiu, as mãos acariciando a barriga onde os filhos se moviam, inquietos.
— Acha que vai dar certo, Tommy? — sussurrou, a voz embargada.
Tommy respirou fundo, sentindo o ar gelado que vinha do pátio.
— Tem que dar... — respondeu, firme. — Kael vai cair, a alcateia precisa que ele caia... ou todos nós vamos morrer com ele.
O silêncio entre eles foi pesado, por um momento, só se ouviu o som distante do vento batendo contra as pedras velhas.
Camilla ergueu o rosto, encarando Tommy.
— Tommy... — a voz dela saiu mais suave, quebrada. — Todos nós temos culpa. Ficamos ao lado dele por muito tempo... ignoramos o que ele fazia.
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