Os renegados se entreolharam, os olhos carregados de uma mistura de esperança e medo. Ethan sorriu, os olhos cansados assumindo um brilho de esperança.
— Nós juramos, supremo. — disse ele, a voz rouca. — Iremos até lá. Vamos provar que somos dignos.
River assentiu, sem sorrir, mantendo a expressão séria.
— Então esperem por nós. Quando isso acabar, vocês terão seu lugar. — falou, sua voz soando quase como um decreto. — Não vão agora, a Lua Sangrenta não vai receber ninguém até nosso retorno. Nos esperem aqui, quando passarmos fazendo o caminho de volta, podem nos seguir. E se houverem outros tão certos de me oferecer sua lealdade como vocês, podem trazer.
Ethan abaixou a cabeça em agradecimento, os ombros trêmulos de alívio.
— Obrigado... obrigado por nos dar essa chance. — murmurou.
— Vão. — ordenou River, girando o corpo. — Fiquem vivos até lá.
Sem mais palavras, Ethan voltou à forma de lobo, reunindo seu grupo. Os renegados recuaram, abrindo caminho, até que River, Lyra e Solomon se afastaram, os deixando para trás. A lua alta observava tudo, testemunha silenciosa da promessa feita entre exilados e o alfa supremo.
River suspirou, sentindo o peso daquela decisão, então olhou para os dois ao seu lado.
— Vamos. — disse, sua voz mais baixa agora, quase como um rosnado contido.
Eles se transformaram, os corpos se alongando, ossos mudando de forma até tomarem suas imponentes formas de lobo, então, voltaram a correr. As patas cortavam o solo com força, fazendo folhas secas voarem ao redor. O tempo parecia se diluir enquanto cruzavam a mata, um passo atrás do outro, guiados apenas pelo instinto e pela raiva contida.
Horas passaram. O sol foi subindo, depois descendo devagar, tingindo o céu de tons avermelhados e dourados. O cansaço queimava os músculos, mas nenhum deles parou. Nem uma vez.
Finalmente, quando o sol encostava na linha do horizonte, tingindo tudo de sangue e fogo, chegaram ao limite das terras da Ventos Sombrios. Era como cruzar uma barreira invisível: o cheiro de podridão atingiu suas narinas, forte e repulsivo, misturado ao odor da doença e do medo.
River voltou à forma humana, inspirando fundo, o olhar fixo à frente. Lyra e Solomon também se transformaram, e por um instante ficaram ali, parados, olhando as terras que um dia haviam sido férteis, agora cobertas por um ar pesado.
— Sentem isso? — murmurou River, a voz baixa, quase um rosnado.
— Está podre. — respondeu Solomon, a testa franzida, os músculos tensos. — O cheiro da maldição.
Lyra levou a mão ao peito, o coração batendo rápido. Era como se o ar pesasse mais ali, sufocando qualquer esperança. Aquele lugar um dia foi seu lar, e agora apodrecia lentamente, amaldiçoado.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo