As mãos deles se tocaram. Era simples, mas naquele instante pareceu o gesto mais poderoso que poderiam fazer. River apertou levemente os dedos da companheira, sentindo o calor que o toque dela levava para seu corpo, para seu coração.
Então, a anciã da alcateia, uma loba de cabelos brancos presos numa trança grossa, deu um passo à frente. A voz dela era firme, mesmo cansada pelo tempo.
— Hoje, testemunhamos a união de nossos líderes. — disse, erguendo uma corda de flores trançadas, vermelhas e brancas. — O alfa supremo e sua Luna não pertencem apenas um ao outro. Pertencem a todos nós. Suas dores serão as nossas. Suas alegrias, nossas alegrias. Seu amor… nosso alicerce.
Com cuidado, a anciã passou a corda ao redor das mãos deles, unindo os pulsos lado a lado. Lyra sentiu o calor das flores recém-colhidas, o cheiro forte das pétalas esmagadas. Era quase como sentir a pulsação da própria alcateia.
Depois, a anciã pegou uma pequena tocha. O fogo tremeluzia na ponta, lançando fagulhas ao vento. Aproximou-a das mãos unidas, tocando levemente a pele deles. A dor veio rápida, como uma agulha quente, mas foi suportável. Lyra sentiu River apertar mais forte sua mão, e ela fez o mesmo, instantes depois, a pele estava curada.
— Essa é a dor de todos nós. — disse a anciã. — E vocês compartilharão a dor, o medo, a esperança e o amor, amor de vocês e de toda alcatéia.
As vozes femininas voltaram a entoar o canto, agora mais baixo, quase como um sussurro que percorria todo o círculo.
A anciã então ergueu a tocha.
— Agora, são um só. E, diante da lua e de todos aqui, declaro que a alcateia Lua Sangrenta tem uma nova Luna. — Ela olhou para River, seus olhos firmes. — Alfa, marque sua companheira.
O silêncio tomou conta da clareira. O vento pareceu parar por um instante.
River soltou a respiração, a mão livre tocou o rosto de Lyra com delicadeza, como se ela fosse algo sagrado. O olhar dele ficou mais intenso, os traços mais duros, selvagens. Os caninos cresceram, rompendo levemente os lábios. Os olhos vermelhos brilharam ainda mais, refletindo o fogo das tochas.
— Eu te amo. — ele murmurou, baixo, rouco, para que apenas ela ouvisse.
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