Petra desmaiou pela segunda vez, tombando na cama do hospital, o rosto pálido e suado, os olhos revirando sob as pálpebras fechadas. A enfermeira entrou às pressas, avisada pelo grito de um dos sentinelas na porta, e logo a equipe correu para estabilizá-la. O cheiro nauseante do mata-lobos ainda pairava em sua pele, estava impregnado em suas veias, corroendo o que restava de sua força.
Camilla observava tudo pela vidraça do corredor, o coração apertado e os olhos úmidos. Não tinha muito o que fazer ali, não naquele momento, e também sabia que seus bebês já sentiam fome agora, que eles precisavam dela, por isso saiu do hospital. Caminhou até a mansão da alcatéia, subiu para o segundo andar, atravessando os corredores em silêncio, até entrar no antigo escritório do alfa, agora sob sua liderança.
A porta se fechou atrás dela e o ambiente se tornou mais silencioso. A poltrona de couro ainda cheirava a ele… Kael, mas tudo ali já carregava a marca de Camilla, livros sobre estratégias, mapas atualizados, e agora, uma pequena manta sobre o sofá, onde ela se sentava para amamentar seus bebês quando estava ali.
Uma loba entrou no local quase no mesmo instante, trazendo um pacotinho embrulhado em uma manta azulada, entregando a Luna.
Com o bebê envolto nos braços, ela se acomodou, ajeitando o pano que cobria o pequeno. O menino sugava seu peito com fome e tranquilidade, sem saber do caos que se espalhava lá fora. Não havia nada dele exposto, estava completamente oculto aos olhos dos outros.
Tommy entrou logo depois, fechando a porta com cuidado. Quando viu Camilla sentada com o filho, uma expressão de carinho surgiu em seu rosto.
— Você não precisa escondê-lo de mim — disse ele, se aproximando. — Estava lá quando ele nasceu, lembra? Não precisa cobri-lo quando estou por perto.
— Eu não estou escondendo de você, Tommy — respondeu ela, baixinho, sem encará-lo. — Estou protegendo ele. Nunca sabemos quem pode entrar por aquela porta… Esse é o meu segredo, e eu não posso deixar que ninguém o use contra mim.
Tommy suspirou, assentindo, embora o incômodo ainda vibrasse sob a pele. Ele não insistiria, não agora, já havia aprendido que Camilla erguia muralhas altas quando se tratava de seu filho, muralhas que ele respeitaria, mesmo que do outro lado houvesse algo que ele quisesse alcançar.
Camilla acomodou o bebê melhor no colo, cobrindo-o com o pano enquanto ele adormecia. A conversa precisava acontecer, eles tinham um assunto mais sério do que mostrar ou não o herdeiro da alcatéia para todos.
— Petra desmaiou de novo. O cheiro de mata-lobos está impregnado nela… — murmurou ela, com a voz séria. — Se foram mesmo os anciãos que a sequestraram, eles vão procurar, vão querer saber onde ela está, e se vierem até aqui, nós não vamos conseguir impedir.
Tommy se encostou na parede do escritório, os braços cruzados diante do peito. Seus olhos estavam sombrios, atentos a cada palavra.
— Precisamos escondê-la bem. Se eles vierem, não podem encontrá-la, não vamos entregar Petra a eles, isso seria trair o Supremo… Não podemos nos dar ao luxo de confiar que ele vai nos poupar de novo — A voz de Camilla era decidida, sabia que River não era conhecido por sua misericórdia.
E se Petra estivesse mesmo certa, sem Lyra… O que impediria o supremo de acabar com eles? Nada…
— Eu vou até a Lua Sangrenta — disse o beta, depois de um tempo. — Vou ver o que consigo descobrir. Mas vou sozinho, não podemos levantar suspeitas. Se formos em grupo, vão saber que sabemos de algo.
— Não! — Camilla levantou o rosto na mesma hora, os olhos arregalados. — Você não pode ir sozinho! E se for uma armadilha? E se te pegarem também? Você sabe do que eles são capazes! Tommy, por favor…
Ela começou a falar mais rápido, a voz subindo em tom, as palavras se atropelando.
— É perigoso! E se te machucarem? E se você não conseguir voltar? Não tenho mais ninguém para me ajudar com a alcatéia! Eu preciso de você aqui, Tommy. Precisamos de você! A alcateia precisa… eu…
— Eu vou voltar, e quero você inteira também. Toma cuidado com os anciãos, eles são traiçoeiros e não vão medir esforços pra conseguir o que querem.
— Eu vou ficar de olho em tudo — prometeu ela. — E manter Petra segura.
Tommy se afastou, já indo em direção à porta. Mas antes de sair, olhou uma última vez para Camilla e o pequeno embrulhado nos braços dela.
— Ele é lindo, sabia? — murmurou. — E sortudo por ter você como mãe.
Camilla sorriu de leve, baixando os olhos para o filho adormecido, mas não respondeu a fala do beta, suspirando levemente e sorrindo para Tommy.
— Vai, mas volta logo.
Ele assentiu e saiu do escritório, fechando a porta atrás de si.
Camilla ficou ali, em silêncio, com o bebê no colo e os pensamentos girando como uma tempestade em seu peito.
Ela sabia que aquela calmaria era apenas uma ilusão… Porque o verdadeiro inferno estava apenas começando.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...